Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

31.1.05
 
As Propostas para a Educação
Neste período de campanha eleitoral todos os partidos apresentam as suas propostas para a educação. Em termos gerais, verifica-se que todos atribuem à educação um papel crucial no desenvolvimento do país, coincidindo no diagnóstico de que os níveis de abandono e insucesso escolar são preocupantes e deverão dar origem a programas de emergência, mais ou menos concretizados nos diferentes textos programáticos. Para o PCP, "um plano de combate ao abandono e insucesso escolares" consta das 25 medidas urgentes que o partido se propõe realizar; o BE inclui no capítulo dedicado a "resolver a dívida interna e o défice" as questões da educação, definindo o objectivo global de "combater o défice do atraso com a educação" para alcançar uma "educação de massas e de qualidade". O programa do PSD quantifica as metas a alcançar, designadamente a redução da taxa de abandono escolar de 45% para 20% no período da legislatura, como um dos 10 compromissos do seu "contrato com os portugueses". Quanto ao PS, "mais e melhor educação" implica a "redução drástica do insucesso no ensino básico e do abandono na transição para o secundário", comprometendo-se a tornar obrigatória a frequência de ensino secundário ou de formação até aos 18 anos de idade.
O que nenhum dos partidos diz é como irá proceder para que todos aprendam, para que todos desenvolvam o gosto por saber mais, para que todos encontrem orientação para os seus projectos de vida. Em parte nenhuma se questiona o enorme desperdício de recursos que significa um aluno poder transitar ano após ano (frequentemente do 5º ao 9º ano de escolaridade) reprovado a Matemática ou a Inglês, sem que nada seja feito para o ajudar nas suas dificuldades. No ano seguinte, o programa será o mesmo para todos e a avaliação servirá mais uma vez para confirmar que o aluno não sabe! E o que dizer de todos aqueles que acreditaram que podiam continuar na escola, ir para o 10º ano, fazer o secundário, ganhar uma qualificação, e que de trimestre para trimestre acumulam notas negativas sem que ninguém os oriente, os ajude a estudar, a descobrir os seus próprios interesses e também a fazer escolhas acertadas?
Claro que quando falamos destas coisas que são o cerne do processo de ensino e aprendizagem parece que nos afastamos das questões da política educativa. Contudo, estas são verdadeiras inquietações que gostaríamos de ver contempladas nas propostas políticas da educação.

Teresa Gaspar inquietacoes_pedagogicas@hotmail.com

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