Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

30.11.08
 

Ainda a Avaliação dos professores

Isto não é sério!

O sindicalista Mário Nogueira, no Programa Prós e Contras, declarou que na 6ª feira apresentaria na reunião com a Ministra da Educação uma proposta porque não pretendia que, este ano, com a suspensão deste modelo se pudesse cair no vazio.
Na minha opinião o Ministério da Educação fora sensível aos problemas que lhe foram transmitidos e tomou decisões que simplificam procedimentos e retiram sobrecargas. Assim, as críticas feitas de boa fé às condições de concretização do modelo obtiveram, no essencial, acolhimento.
Mas o sindicato tinha, ainda, espaço de negociação. E foi isso que prometeu fazer na 6ª feira. Fiquei expectante: o que é que a Fenprof iria propor?
E qual não foi, hoje, o meu espanto! A proposta (?) é a suspensão da avaliação, a demissão da Ministra e o incitamento à greve!
Isto não é sério!
Não me reconheço neste sindicato a que pertenci até há 2 meses. O sindicato de que fui delegada durante muitos anos. O sindicato com quem discuti, em muitas reuniões, soluções alternativas.
É disso mesmo que estou a falar! Soluções alternativas, é isso que compete ao sindicato apresentar.
Lastimo porque acredito que um sindicato sério é indispensável à democracia.
E este já não é sério!

Armandina Soares

23.11.08
 

Ainda a avaliação dos professores
Marcelo Rebelo de Sousa considera que os resultados dos alunos devem ser tidos em consideração na avaliação dos professores.
É sem dúvida uma dimensão importante para que se crie uma maior responsabilidade da escola pelas aprendizagens dos alunos.

Ana Maria Bettencourt

22.11.08
 

A avaliação dos professores e a educação democrática


A democracia dá-nos direito à contestação. Felizmente que assim é!
Mas impõe-nos limites – ou não?
Isto a propósito do movimento gerado à volta da Avaliação dos Professores.
É preciso que se saiba que há alguns professores (são muitos? poucos? será que isto é necessário para que a igualdade de direitos seja assegurada pela democracia?) que não estão contra esta avaliação.
Estes professores não podem continuar a ser intimidados (alguns ameaçados fisicamente) só porque “ousam” ter uma opinião diferente!
E que dizer sobre o incitamento que alguns professores fazem junto dos alunos para que se manifestem veementemente (será que os alunos conhecem o dito Estatuto do Aluno? Será que as Escolas perceberam o sentido das medidas?) atirando ovos à Ministra da Educação?
Será que esta atitude de alguns é conciliável com a missão da Escola que deve promover uma educação democrática em que a livre expressão de pensamento não pode ultrapassar os limites do respeito que deve reger as relações inter-pessoais?
Já nem falo da necessidade do reconhecimento da autoridade e do princípio da hierarquia, que também existem em democracia.
E depois … quando toda a onda passar, não se voltará o feitiço contra o feiticeiro?
E não poderão ser outros os destinatários dos “demónios” que alguns têm posto à solta?
Maria Armandina Soares

 

Semana da Ciência e da Tecnologia
Tem início a 24 de Novembro a Semana da Ciência e da Tecnologia. Instituições científicas, museus, escolas abrem as suas portas. Haverá ainda palestras, workshops, tertúlias, etc

Ciência Viva – Semana da Ciência e Tecnologia
http://www.cienciaviva.pt/semanact/

21.11.08
 

Avaliação dos professores
O direito a aprender.

Quando Judite de Sousa ontem, na Grande Entrevista, dava a entender que os professores deveriam ser avaliados pelas aulas que preparam, pela qualidade das aulas que dão, sem se ter em conta aquilo que os alunos aprendem, estava a ignorar a evolução do mundo nesta matéria.

É que sem desvalorizar os bons professores que marcaram os seus alunos pelas excelentes lições que davam, e o mérito e a necessidade de os professores prepararem bem as aulas que dão, as escolas e os professores terão de ser cada vez mais avaliados pela organização do trabalho de modo a que todos os alunos aprendam. Tendo em conta os pontos de partida, as dificuldades que surgem nas aprendizagens e contando com os recursos necessários.
Conheço e acompanho professores de grande qualidade, cujas práticas têm sido organizadas de modo a que todos os seus alunos aprendam, não abandonem a escola e não fiquem para trás. Nem sempre o conseguem, mas será injusto não valorizar este esforço, essencial ao desenvolvimento do país e à dignidade desses alunos.
Infelizmente o debate educativo está fechado numa concepção de escola que, se não for ultrapassada, nos continuará a cortar do mundo e a deixar para trás.
Ana Maria Bettencourt

 

Conferências
4 Dez 18h Anfiteatro da FPCE-UL – entrada livre

Gaudêncio Frigotto
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
projetos societários e juventude no Brasil

Sonia Maria Rummert
Universidade Federal Fluminense
educação de jovens e adultos trabalhadores: a modernização conservadora

> moderador
Rui Canário
Universidade de Lisboa

 

A (difícil) busca de soluções!

Todos nós, os profissionais da Educação, tivemos vivido momentos particularmente difíceis: o Ministério da Educação que, no meio de uma enorme contestação, persiste em introduzir uma Avaliação de professores que acredita corresponder aos interesses da Escola Pública; os professores (a maioria) em luta contra “esta avaliação” e os outros professores (uma minoria, mas que também existe, e em que me incluo) que não conseguem encontrar todos os “malefícios” de que esta avaliação tem sido acusada e que procuram “sobreviver”, sentindo a estranheza com que são olhados.
Preocupada com o mal-estar instalado, e acreditando que o processo de avaliação não devia ser suspenso (lastimo, mas também tenho o direito de ter esta opinião) procurava perceber onde é que “o sapato” apertava. Mas nunca era o mesmo dedo que doía: a observação de aulas, a falta de avaliadores dos vários grupos disciplinares, a desconfiança em relação a alguns dos avaliadores, os resultados dos alunos, as cotas, as fichas de avaliação…
Onde intervir? O que era possível alterar, mantendo os princípios fundamentais subjacentes à Avaliação que devia (e aí as vozes mantinham-se unânimes) ser efectuada? A diferenciação (de cuja ausência muitos nos temos queixado), a necessária reflexão sobre o nosso trabalho que deverá produzir melhoria dos resultados dos alunos…
Que alterações poderiam, hoje, ser anunciadas que trouxessem a tão desejada paz às nossas escolas?
E tenho de dizer que fiquei surpreendida com as soluções encontradas. Tenho consciência que nem todos os “dedos” passarão a estar ajustados ao sapato que temos de usar. Mas penso (e baseio-me nas “queixas” que fui ouvindo) que podemos iniciar agora uma nova fase, removidos muitos dos obstáculos identificados.
Espero, por isso, que sejamos capazes, agora, de ultrapassar a crise e que, num quadro de progressiva autonomia das escolas e num clima de tranquilidade, possamos prosseguir o trabalho em que todos estamos empenhados.

Maria Armandina Soares

 


Direitos da criança por cumprir


Demolições






fotos:AMB

 


Demolição da "casa" em que viviam-Granja

20.11.08
 

Direitos da Criança

As Nações Unidas aprovaram a 20 de Novembro de 1989 a Convenção sobre os Direitos da Criança .
Infelizmente quantos direitos estão por cumprir!

19.11.08
 

Avaliação dos professores

Desde há anos que muitas vozes vinham afirmando a necessidade de se proceder à avaliação das escolas e dos professores. Desde altos dirigentes políticos de vários quadrantes, a responsáveis na imprensa. Em 2002 a defesa da avaliação dos professores surgiu de várias frentes.

Num Editorial do Público dedicado à avaliação dos professores José Manuel Fernandes afirmava (11/04/02) que "O acto de avaliar alguém de forma justa e objectiva é difícil. Mas sem avaliação, sem uma cultura de avaliação permanente que confronte todos-mas mesmo todos- com os seus deveres e responsabilidades, nenhuma organização pode progredir; nenhum país pode evoluir . Isso é especialmente verdade no sistema de ensino, mas não pode envolver apenas os alunos. É também necessário avaliar os professores e as escolas."....
Nesse mesmo editorial , em que criticava o sistema então existente, JMF defendia que a avaliação fosse feita localmente pelos pares, pelos pais e também pelos poderes locais.
Defendia, também, que a contratação e avaliação de professores transitassem para os poderes locais.

Havia então um profundo desencontro entre o discurso de defesa da avaliação dos professores e a cultura das escolas. Nestas, as práticas de avaliação eram essencialmente dirigidas ao universo dos alunos.
Entretanto avançou a avaliação das escolas, mas a dos professores manteve-se como um tabu . E por isso a recusa do que se considera ser um modelo, parece ser uma recusa de qualquer dos seus elementos.


O fosso entre o discurso externo e a cultura das escolas em matéria de avaliação dos professores foi-se mantendo, e talvez daí o choque a que assistimos agora.

Ana Maria Bettencourt

17.11.08
 

Informação da CONFAP

Estatuto do Aluno


A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, esclareceu, através de um despacho, a aplicação do Estatuto do Aluno no que respeita às consequências das faltas justificadas, designadamente por doença ou outros motivos similares, depois de ouvida a CONFAP - Confederação Nacional das Associações de Pais. Reitera-se que o regime de faltas estabelecido no Estatuto visa sobretudo criar condições para que os alunos recuperem eventuais défices de aprendizagem decorrentes das ausências à escola nos casos justificados. Desta forma, a ministra determina que das faltas justificadas, designadamente por doença, não pode decorrer a aplicação de qualquer medida disciplinar correctiva ou sancionatória.
A prova de recuperação, a aplicar na sequência de faltas justificadas, tem como objectivo exclusivamente diagnosticar as necessidade de apoio, tendo em vista a recuperação de eventual défice das aprendizagens, o que faz com que não possa ter a natureza de um exame. Pelo contrário, deverá ter um formato e um procedimento simplificado, podendo ter a forma escrita ou oral, prática ou de entrevista.
Estipula-se ainda que da prova de recuperação realizada na sequência das três semanas de faltas justificadas não pode decorrer a retenção, exclusão ou qualquer outra penalização para o aluno, mas sim apenas medidas de apoio ao estudo e à recuperação das aprendizagens, sem prejuízo da restante avaliação.

16.11.08
 
Ciclo de encontros "O Poder do não Desapontamento".
CONVITE

No próximo dia 20 de Novembro, 5.ªfeira, inicia-se o ciclo de encontros denominados "O Poder do não Desapontamento".
No âmbito do Projecto Escola Criativa – Câmara Municipal de Cascais / Departamento de Educação e do Serviço Cultural e Educativo - Fundação D. Luís I, vai realizar – se um ciclo de três espaços de reflexão e discussão em torno de um projecto de acção-formação.
O Projecto Escola Criativa assume-se como ponto de partida para uma reflexão contextualizada. Um percurso que se coloca em discussão através de um processo que se pretende partilhado entre diferentes intervenientes e sob diferentes perspectivas.
Trata-se de um projecto de acção-formação, de intervenção local, dirigido a educadores, professores do 1º Ciclo e monitores, com um percurso desenvolvido ao longo de 8 anos no Centro Cultural de Cascais, em parceria com a Fundação D. Luís I e o Centro de Formação de Professores de Cascais.
Este ciclo pretende reflectir sobre a articulação entre Arte e Educação e evidenciar o papel da Criatividade no processo ensino-aprendizagem.
A organização de cada espaço propõe uma abordagem distinta que integra conceitos e práticas: Apresentação do Projecto Reflexão e Discussão de conceitos Partilha de experiências, tendo como denominador comum o projecto Escola Criativa.
No final deste ciclo será feito o lançamento da brochura – Projecto acção - formação Escola Criativa Um percurso em construção
De salientar a presença de Ana Mae Barbosa, a principal referência no Brasil para o ensino da Arte na escola, que em conjunto com os outros intervenientes permitirá:
- Uma procura de registos significativos
- "Olhar de novo" para a relação entre Arte e Educação
- Estabelecer uma relação de construção com a Mudança
Numa acção interna… O Poder do Não Desapontamento.

AGENDA
17h – Recepção
17h10 – Filme: "Vue Portraits"
- é um projecto em torno da visão e da memória visual, série de retratos de duração variável em composição de múltiplas projecções. Nestes retratos a imagem evocada pelo modelo sobrepõe-se à imagem do rosto. As "janelas" foram filmadas durante o encontro "Dançar o que é nosso" em Lisboa, com performers vindos de diversos países do mundo.
Luciana Fina
17h15 – Apresentação e Caracterização do Projecto
17h45 – Intervalo / Café
18h – Actividades / Monitorização / Impacto
18h30 – Comentário João Barroso
Debate

 

POR UMA CULTURA DE SUCESSO

A massificação da Educação em Portugal não foi capaz de promover uma Cultura de Sucesso.
(e, talvez, o problema resida nesta ideia instalada de massificação, que pretende olhar para todos da mesma forma, incapaz de ver as diferenças).
Pior: habituamo-nos a encarar este fenómeno do insucesso como “natural” separando o processo educativo em duas partes distintas: ao professor cabe o papel de ensinar, competindo ao aluno aprender.
A Escola, ao olhar desta forma para o problema, desresponsabiliza-se pelo sucesso dos seus alunos: realiza o seu trabalho com “empenho” e “profissionalismo” e lava daí as suas mãos. Do lado de lá ficam os alunos: os que trabalham e têm sucesso e aqueles que não trabalham e cujos pais não assumem o seu papel de responsáveis pela sua educação e sobre quem, com “justiça”, se abate a retenção.
E que preço “pagamos “, enquanto sociedade, por este insucesso que, anualmente, atinge milhares de alunos, de todos os níveis de escolaridade?
Financeiramente, são muitos milhões de Euros.
Mas os custos sociais não são menores. Uma sociedade em que muitos crescem com o estigma da sua incapacidade para aprender não pode aspirar a construir um país verdadeiramente democrático, capaz de gerar riqueza e promover condições de verdadeira justiça social.
Jovens condenados a trabalho desqualificado (até quando o século XXI vai permitir que este se mantenha?), carregando o peso de derrotas sucessivas, dificilmente se transformarão em cidadãos de pleno direito.
Será esta situação inevitável? Temos um tão elevado número de alunos incapazes de alcançar SUCESSO?
A esta ideia de Sucesso para todos, numerosas vozes se levantam, acenando com o monstro do FACILITISMO.
A esta acusação de facilitismo acrescenta-se o princípio moral da “justiça” – estes alunos devem ser “castigados” pela sua falta de trabalho!
Mas será que quando falamos de sucesso educativo queremos dizer: temos de os “passar” a todos, a qualquer preço?
• Não será necessário, para o País, que todos aprendam?
• Não terão, todos os nossos alunos, o direito a que sejam criadas condições organizativas nas Escolas capazes de promover o seu real sucesso?
Penso que é necessário repensar esta Escola, “construída” para uma elite que dela tinha necessidade para manter o seu estatuto social.
Uma escola que não dá espaço à iniciativa, à criatividade, à diferença.
Uma escola organizada para aqueles que, naturalmente, se “ajustam” ao “modelo”, ou têm famílias capazes de colmatar, directa ou indirectamente, nomeadamente com recurso a explicadores, as suas dificuldades.
Curioso observar que, frequentemente, se ouvem comentários nas nossas Escolas acerca de jovens com notáveis capacidades e que apresentam elevados níveis de absentismo e maus resultados escolares.
Proponho, então, que falemos de uma Cultura de Sucesso, assumida pelo conjunto da Sociedade, que confia à Escola a responsabilidade da sua promoção, mas a quem são garantidos os meios para a sua concretização.
É imperioso que o País assuma, de forma decidida e eficaz , a prioridade do SUCESSO EDUCATIVO, encarando-o como a norma.
E que nesta assunção se estabeleçam redes eficazes de intervenção - bem distintas das eventuais parcerias - com responsabilidades claramente definidas.
Cabe à Escola organizar-se para que todos aprendam, diferenciando aprendizagens, respeitando ritmos e culturas diferentes, apoiando os alunos com dificuldades, respondendo ao primeiro sinal de abandono ou insucesso.
Mas neste trabalho a Escola não pode continuar sozinha. Não podemos admitir que haja alunos que não têm óculos, quando deles necessitam; alunos que nos aparecem, constantemente, com a cara inchada e que vão “tratando” as infecções dentárias com uns Benurons; alunos com graves perturbações emocionais e para quem não existe o indispensável acompanhamento.
Considero, indispensável, que se instale, na nossa Sociedade, uma nova concepção em que o Sucesso Educativo seja inevitável, competindo às Escolas, no quadro da sua Autonomia, contratualizar, com o Ministério da Educação, as medidas necessárias para a sua promoção, mas, simultaneamente, assumindo a responsabilidade de o alcançar.
Provavelmente, muito rapidamente, transitaremos de uma economia de desperdício para uma gestão eficaz de recursos.


Maria Armandina Soares

 

Bons Professores

Um dia destes um professor dizia-me que quando tinha acabado o curso (de História) sonhava com salas de alunos que ouviriam com interesse as suas aulas. Tenho a certeza de que eu gostaria de assistir às aulas deste professor, competente e amante da sua disciplina.
Colocado numa escola de periferia, cedo se confrontou com falta de interesse dos alunos e um aproveitamento insatisfatório de uma grande parte. Não se conformou com a situação e foi mudando os métodos de trabalho e organizando as aulas, de modo a obrigar todos os alunos a estudarem e aprenderem mais. O que exigiu muito esforço da sua parte para a elaboração de uma organização diferente, diferenciada, e de um acompanhamento sistemático para os alunos ultrapassarem dificuldades, serem mais responsáveis e não desistirem .
Mais do que se preocupar com melhorar as notas, preocupa-se em garantir que os alunos aprendam. Não fica à espera que estes procurem apoio na família ( porque esta em geral não o pode/não sabe fazer).


Este bom professor, não o seria no entender de Vasco Pulido Valente. Na sua crónica de ontem no Público, revela mais uma vez que não faz a menor ideia do que é uma escola de hoje, (após a democratização do acesso ao ensino) e continua a defender o modelo de escola e o "bom professor" do passado, quando o ensino se dirigia a uma minoria interessada, sem dificuldades para aprender, porque os outros iam ficando pelo caminho. (Na véspera, na TVI, a ignorância que revelou em matéria de educação era confrangedora!)
Quando o professor, a que me referi aqui, se esforçou por "transmitir a paixão de aprender", uma grande parte dos seus alunos não aprendeu.....hoje contribui de forma activa para que os alunos aprendam efectivamente, desenvolvam hábitos e gosto pelo trabalho, e melhorem as notas.
Felizmente há muitos professores como este. Esta reconversão dos professores é muitas vezes difícil, mas é muito positiva para os professores e sobretudo para os alunos.
O bem-estar dos professores hoje, dimensão importante das escolas está inevitavelmente associado ao facto de os alunos aprenderem.
Ana Maria Bettencourt

14.11.08
 

O País do “NIM”?
“Facilitismo” ou “Exigência intolerável”?
O Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário (Lei 3/2008), estabelece, entre outras matérias, que:
• os alunos devem recuperar os saberes perdidos nas suas ausências, sejam elas justificadas ou injustificadas.
Não me parece haver nada de preocupante aqui: compete às escolas criar condições para que todos os alunos aprendam.
• as medidas a adoptar devem ser estabelecidas no Regulamento Interno de cada uma das escolas
Também aqui continuo tranquila: defendo a progressiva Autonomia das Escolas e o Regulamento Interno é um instrumento que há 8 anos cumpre esta missão – com base na legislação definir formas contextualizadas de intervenção.
No entanto este Estatuto do Aluno provocou enorme controvérsia na Assembleia da República e na Opinião pública, centrando-se a tónica no princípio do FACILITISMO.
Podemos ler, em “Salteadores da Arca” – 3 de Julho 2008:

A maioria socialista aprovou , com os votos contra de toda a oposição, o novo Estatuto do Aluno, que permite que os estudantes passem de ano sem frequentar as aulas, desde que sejam aprovados nas provas de recuperação, noticia a Lusa.
A proposta dos deputados do PS mantém a possibilidade de um aluno transitar de ano sem comparecer nas aulas, desde que obtenha aprovação na prova de recuperação, não sendo definido qualquer limite para o número de testes a que pode ser sujeito.
«Cuidado do PS em facilitar a vida aos alunos faltosos»
Para o PSD, que hoje propôs que um aluno fique automaticamente na situação de retenção ou exclusão caso volte a faltar injustificadamente depois de realizar a prova, esta medida defendida pela maioria transmite «uma mensagem muito negativa» aos estudantes.
«Há um grande cuidado do PS em facilitar a vida aos alunos faltosos, mas fica completamente esquecida qualquer mensagem aos alunos cumpridores, que agora não têm qualquer estímulo», acusou o deputado social-democrata Emídio Guerreiro.
A crítica foi partilhada pelas restantes bancadas da oposição, que acusam o Governo e a maioria parlamentar de «menosprezar o valor da assiduidade» e «mascarar as estatísticas» do abandono escolar.
«Agora o aluno vai poder faltar o que quiser e não pôr os pés nas aulas, desde que vá passando nas provas de recuperação a que for sendo sujeito, o que põe em causa o princípio fundamental da avaliação contínua», criticou igualmente João Oliveira, do PCP.

O mesmo princípio de “facilitismo” expresso pelo Arouca.Biz (13 de Nov 2007)
O que estão a fazer no sistema educativo é tão ridículo e despropositado que me faltam adjectivos para o qualificar mas talvez "facilitismo" e "balda" se adequem. Os professores são fortemente incentivados a um "laissez faire, laissez passer" porque toda a legislação saída nos últimos tempos encurrala-os de tal forma que vai levar quase inevitavelmente a este tipo de atitude para que o objectivo do governo se concretize, ou seja, boas taxas de "sucesso" escolar. Sucesso?!! criar ineptos? ignorantes? é essa a função da escola? Como se não bastasse ter que passar alunos a todo o transe e agora isto. (estatuto do aluno – 007 ordem para nada fazer, há 1 Ano)
Mas subitamente, tudo se baralha e contra o “facilitismo?” se insurgem os alunos: contra regime de faltas (5. Nov.2008)


Cerca de 1500 estudantes do Secundário manifestaram-se em Lisboa contra o regime de faltas estabelecido pelo Estatuto do Aluno. Estes estudantes querem entregar um conjunto de reivindicações ao Ministério da Educação.
(Lusa – Manifestação de estudantes em Lisboa contra o regime de faltas)

Temos assim, duas posições antagónicas: à ideia do facilitismo de que este Estatuto tem sido acusado, opõe-se, agora, a “revolta” dos estudantes contra as exigências de que, na sua opinião, estão a ser vítimas.

“Democracia” ou “Turbamulta”?
E como é que esta “revolta” juvenil se manifesta?
O movimento estudantil não pára de crescer. Têm ocorrido incidentes um pouco por todo o lado. Esta tarde, a luta dos estudantes contra a política educativa do Governo e, em particular, contra o Estatuto do Aluno, teve o seu epicentro na Escola Secundária D. Dinis, em Lisboa. Os dois secretários de estado, Valter Lemos e Jorge Pedreira, foram mal recebidos pelos alunos que atiraram ovos e tomates contra os carros onde seguiam Valter Lemos e Jorge Pedreira e contra os carros onde seguiam Valter Lemos e Jorge Pedreira e contra as paredes da sala onde os dois governantes estavam reunidos com duas centenas de PCEs. (Luta Social, 13.11.2008)
Comentários do mesmo jaez vão surgindo. E o sorriso de professoras que, surpreendentemente, no meio dos jovens “em luta” e com as paredes da escola cheias de restos de ovos, afirmam que estes alunos são muito bem comportados.
Fico estupefacta. Será que tenho andado enganada sobre o significado de “Democracia”, “Formação Cívica” e, por que não?, “Respeito”?
Será que estamos preparados, nós, professores, para sermos os alvos seguintes de toda esta revolta juvenil?
Maria Armandina Soares

 

A Dra Manuela Ferreira Leite não presta um serviço ao país ao recusar o modelo de avaliação dos professores existente e defender a aplicação de um outro modelo, nos termos em que o tem feito.
Que modelo defende? O que recusa no modelo existente?
Esta posição é aliás muito generalizada nos outros partidos políticos, que em nada estão a contribuir para clarificar a situação. Incluindo o Partido Socialista, com a sua maioria silenciosa e algumas(poucas) vozes críticas.
O debate sereno e a pedagogia em torno das várias componentes do modelo em vigor, distinguindo o que é consequência do modelo ou da sua aplicação seria importante. Para sabermos se estamos a falar de correcção de um modelo existente, de luta política , de recusa da avaliação ....

Ana Maria Bettencourt

13.11.08
 
A escola e o mundo do trabalho
Vai realizar-se, em 12, 13 e 14 de Fevereiro de 2009, o XVII colóquio Afirse (Secção Portuguesa), subordinado ao tema: “a escola e o mundo do trabalho” (http://afirse.fpce.ul.pt/).

Esta realização tem o apoio da FPCE-UL, Unidade de I&D de Ciências da Educação, Educa e Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação e terá lugar nas instalações da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa.

 



FACILITISMO

Rosa Soares Nunes

Facilitismo é, porventura, a palavra que, nos últimos tempos, tem sido o suporte significante do pensamento mais reaccionário. Mas no caso particular das apreciações dos exames escolares de 2008, um pouco mais do que isso: a perversidade (sustentada por um senso comum verdadeiramente mistificatório, já que toma ares de grandes esclarecimento), de causar grande indisposição uma prova de matemática que se mostrou menos selectiva, menos segregadora, apesar de inscrita nessa irracionalidade que é a classificação através de exame. E que, como tal, corre o risco de não ter posto em evidência a meia dúzia dos que serão os grandes cérebros que cuidarão da felicidade dos homens, apesar deles, dando oportunidade (apesar de tudo, sempre muito desigual, não tenhamos ilusões) aos que engrossarão a imensa coluna dos trabalhadores descartáveis, configurando o quadro das actuais necessidades do sistema capitalista. É que, não é de pouca monta o efeito “insucesso” nos processos afectivo-cognitivos que asseguram condições que favorecem as aprendizagens. E de como a injustiça social se transmuta em injustiça cognitiva, tão socialmente construída, também no confronto com resultados que melhor sustentam esta diferenciação desigual. Cada vez entendo melhor a analogia que Fritzel, invocando as teorias do Estado de C. Offe, faz entre as “notas” escolares e os salários … desiguais, estimulantes para os já por mil razões estimulados, desencorajadores para outros que, no horizonte, vêem o desenho de um caos de expectativas.
As condições contextuais (macroestruturais, ideológicas) de determinação do acesso ao conhecimento não são desligáveis das condições internas aos sujeitos/objectos de aprendizagem que também passam pela necessidade/interesse/curiosidade de conhecimento e não será o insucesso que a promove.
Vá lá que, apaziguados por resultados “menos bons do que o expectável” dos exames de Português, houve um respirar de alívio ….

11.11.08
 
Outono em Espoo-Finlândia

EMMA-Museu de Arte Moderna de Espoo- Finlândia


 
Outono em Helsínquia

 
Imagens da escola finlandesa

Informalidade,

Trabalho autónomo


Em grande parte das aulas visitadas os alunos trabalhavam de forma autónoma, em ambiente de grande informalidade.



AMB,MAS;MEBS






Apoios: é frequente existir mais do que um adulto por sala, sobretudo quando há crianças a necessitar de maior atenção.

Fotos AMB

10.11.08
 




Almoço na cantina com a organizadora da nossa estadia na Finlândia, Liisa Tommila, o director e dois alunos, membros do Parlamento da Escola que nos acompanharam em grande parte da visita.

 
Imagens da escola finlandesa




Escola- Casa




Cortinas Marimekko, a estilista finlandesa muito presente nas escolas.

As aulas são espaços de estudo, confortáveis, informais, em que se trabalha muito.





fotos AMB
Em meias

9.11.08
 
Imagens da escola finlandesa



Serenidade








Cantinas de escolas primárias

A serenidade e a calma sentiam-se também nas cantinas.
As preocupações educativas não têm intervalo durante o almoço.

Em várias cantinas visitadas por nós, existia um controlador de som. Quando passava a encarnado os alunos baixavam o ruído.


Os alunos eram, com frequência, acompanhados por um professor, que por esse facto tinha direito a refeição gratuita. Desde há sessenta anos que os alunos finlandeses têm direito a uma refeição quente, gratuita.
O almoço dura cerca de 30 minutos e a cantina nunca é frequentada por muitos alunos ao mesmo tempo.



Fotos AMB

AMB; MAS; MEBS




6.11.08
 
Alvar Aalto- Outono em Helsínquia
Foto: AMB

 
Imagens da escola finlandesa


A relevância dos computadores, presentes em todas as escolas e em quase todas as salas de aula .
E outras aprendizagens significativas para a vida: as madeiras, o tricot, a costura, a cozinha.

Longe de preconceitos,
Educação para a igualdade




Fotos:AMB















 
Imagens da escola finlandesa
Foto AMB

Numa classe de adaptação, os alunos de várias nacionalidades aprendem o finlandês, para poderem vir a integrar uma classe regular. São muito apoiados e respeitados nas suas diferenças culturais, mas a exigência relativamente ao domínio da língua finlandesa é grande. Na sala há duas professoras.

O piano ao fundo era uma nota muito frequente, nas aulas visitadas, sempre muito agradáveis.

AMB, MAS; MEBS


 
Imagens da escola finlandesa
Foto AMB
Trabalho autónomo numa aula de matemática
Os alunos trabalham ao seu ritmo, levantam-se de vez em quando para conferir os resultados e a professora tem tempo para ir apoiando todos os alunos, designadamente aqueles que encontram dificuldades, que assim vão superando os problemas que encontram. A organização adoptada faz com que cada aluno trabalhe muito e aprenda muito.
E que nenhum aluno fique para trás.

Segundo a OCDE- PISA, os alunos finlandeses têm os melhores resultados do mundo a matemática,
Os Finlandeses são tão orgulhosos dos resultados escolares e da sua escola!

AMB, MAS; MEBS

AMB