Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

25.6.08
 

Os exames e a mentalidade de Fado
Creio que em nenhum outro país as pessoas têm tanta falta de auto-estima!
Com excepção do futebol que queremos sempre ganhar, adoramos ser maus....e, se por acaso as coisas mudam, o primeiro gesto é duvidar ......
Há uns anos, uma dinamarquesa que conheci, dizia-me que a grande diferença entre a escola portuguesa e a escola dinamarquesa era que na Dinamarca eles perguntavam aos alunos o que já sabiam e em Portugal perguntava-se sobretudo o que não sabiam.....em Portugal o bom professor não era aquele que fazia com que os alunos aprendessem mas sim aquele que descobria o que eles ainda não sabiam!
A fazer fé no que grande parte da Comunicação Social vai afirmando, a maioria dos alunos têm de ter maus resultados para os exames serem credíveis! No passado é que era bom! Quantos mais chumbassem melhor!
É possível que os exames estejam diferentes, mas o que me preocupa é que não se discutam as competências atitudes e saberes que os exames avaliam ou deveriam avaliar, mas sim se são demasiado fáceis. Quais os critérios para avaliação dos exames?
Quantos excelentes alunos não conseguiram seguir a profissão que queriam porventura porque os exames não avaliavam convenientemente as suas competências ! Teriam dado provavelmente excelentes médicos!
É cedo para que os programas de formação surtam efeito? é porventura verdade, mas se aliarmos esses programas ao facto de as escolas treinarem hoje os alunos para as provas e promoverem o desenvolvimento de competências a esse nível, se aliarmos ao facto de as escolas públicas cada vez mais definirem metas para a melhoria das aprendizagens e resultados escolares e trabalharem nesse sentido, então talvez se considere normal a melhoria dos resultados. É assim que fazem os países que obtêm melhores resultados nos testes internacionais e grande pare das escolas privadas!
Ana Maria Bettencourt

10.6.08
 

ATÉ JÁ ENCONTRÁMOS ESCOLAS FELIZES

Ana Maria Bettencourt e Maria Emília Brederode Santos

Agora que a cena do telemóvel já saiu das 1ªas páginas e dos écrans, parece-nos chegado o momento de reflectir sobre esse revelador da inadequação da actual organização escolar (quer pública quer privada) aos novos tempos. Nos artigos que compõem esta Página das Inquietações Pedagógicas, procura-se clarificar conceitos, questionar certezas e propor alterações. Isabel Valente Pires relata a sua experiência para modificar um “clima” de escola inadequado, prevenir novas situações de indisciplina e promover um ambiente propício ao estudo e às aprendizagens.
Mas não se pense que as alterações organizativas, curriculares e metodológicas introduzidas só são possíveis no ensino privado. Outras escolas, públicas, o fazem com resultados reconhecidamente bons: a Escola da Ponte, em Vila das Aves, envolvendo agora crianças/jovens dos 5 aos 15 anos, é o exemplo mais conhecido e talvez o mais completo e consistente. E outras experiências há, como a de Pascal Paulus na escola de 1º ciclo Amélia Vieira Luis, na Outurela, a da Escola Básica 2,3 de Vialonga que, apesar de inserida num contexto de grande dificuldade, conseguiu - através de uma actuação ao primeiro sinal, de um trabalho de equipa forte entre directores de turma e direcção e de projectos de formação em contexto - construir um bom ambiente de trabalho, ou as de tantos outros projectos em curso. Convidamos aliás os leitores a enviarem relatos para o blog do movimento Inquietações Pedagógicas.

Entre estas escolas, com enormes diferenças entre si, alguns aspectos são constantes: a responsabilização da escola pelo percurso escolar dos alunos, a vontade de suscitar o empenhamento dos alunos na aprendizagem através de projectos e de aprendizagens significativas, os apoios imediatos às dificuldades, apoios que até podem ser proporcionados por colegas, o envolvimento de todos nas decisões que lhes digam respeito, as competências de cidadania como finalidade primordial da escola... Finalidade esta sobre a qual muitos já pensaram e escreveram como o demonstra o “apanhado” feito por Maria José Martins.


O dia em que o país viu uma sala de aula
Ana Maria Bettencourt
Foram muitos os comentários publicados sobre a lamentável cena ocorrida na Escola Secundária Carolina Michaelis. Quase todos – partidos, sindicatos, opinion makers - tentaram encontrar “culpados”: os professores, o Governo, as famílias...... Mais do que encontrar culpados para a cena visionada pelo país – reprovável sob todos os pontos de vista, e que deve ser claramente punida – há que tentar compreender as circunstâncias que a tornaram possível e criar condições para que cenas como a que vimos não se repitam.

InterrogaçõesComo é possível que um acto tão grave ocorrido numa sala de aula - quer o acto de violência da parte da aluna, quer o clima de achincalhamento perceptível no vídeo - seja tão silenciado que os responsáveis pela escola só dele tenham tido conhecimento muito tempo depois pela comunicação social? Qual o papel do conselho de turma e do director de turma na regulação da disciplina? Quais as regras existentes na escola quanto ao uso de telemóveis dentro da sala de aula? Existem regras claras na escola? Que medidas foram tomadas para as fazer cumprir? Como são enfrentadas as transgressões?

O passado não tem futuro
Tenho analisado algumas práticas que podem prevenir ou dar origem a situações de indisciplina e violência. É na escola concreta com os seus problemas e dificuldades que é necessário procurar o futuro.
O facto de a todos os elementos na escola – professores, funcionários não docentes, alunos, direcção da escola – ser atribuída uma parte de responsabilidade pelo clima de trabalho e pela vida escolar, dentro e fora da sala de aula, é muito importante. As escolas devem prever tempos e espaços para que as equipas educativas programem o trabalho e analisem dificuldades logo que elas surgem, sem o que as situações críticas se podem ir agravando.A actuação rápida, ao primeiro sinal, quer em casos de indisciplina, quer em casos de dificuldade escolar dos alunos, é decisiva. O trabalho com as famílias, infelizmente nem sempre possível, é também muito importante. A actuação concertada entre professores da turma, director de turma, direcção da escola e famílias é indispensável. A criação de espaços de análise dos problemas e responsabilização dos alunos pelo cumprimento das regras e das leis é essencial para a criação de um clima de trabalho produtivo e é também uma estratégia por excelência de aprendizagem da democracia......tem de existir firmeza na repressão das transgressões .....as práticas de castigos transformados em serviço cívico são um caminho com resultados muitas vezes positivos. De nada adianta sonhar com o regresso ao passado.....parafraseando o jornal Le Monde de l’Education “o passado não tem futuro...” É preciso encontrar novas soluções para os novos problemas e para os novos objectivos da escola, entre os quais formar cidadãos responsáveis.
Quebrar a solidão de alguns professoresO princípio de que o que se passa na aula só ao professor diz respeito, e de que a direcção da escola não deve interferir no domínio das práticas de cada professor, pode dar origem a situações de grande solidão . A vida da turma deve ser partilhada pelo conselho de turma e pela direcção da escola, responsável pelo que se aprende ou não se aprende e pelo clima de trabalho que nela se vive.


A escola: uma “oficina de humanidade”

Recolha de Mª José Martins
Décadas atrás, com problemáticas sociais e escolares bem diferentes das dos tempos de hoje, que referências podemos encontrar ao papel da Escola na educação para a cidadania?
O que há de comum com ideais e com medidas políticas e práticas actuais?

É missão da escola ...
criar em cada criança, não um ser mutilado, mas um indivíduo socialmente completo, conhecedor de todos os seus direitos, tendo uma consciência social integral”.

Adolfo Lima - Educação e Ensino - Educação Integral, Lisboa, 1914 .

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A função social dos estudantes…
“Aos indivíduos acostumados à ideia messianista de que aos governantes é que compete encaminhar a sociedade, há-de parecer estrambótico o assunto de que vou tratar: a função social dos estudantes. A função social dos estudantes parecer-lhes-á que se resume em ir às aulas, estudar as lições, sair aprovado nos exames. […]
Todos aceitam como evidente que a educação de um pianista se deve fazer tocando piano; mas já nem todos aceitarão como tão óbvio que nas nossas modernas sociedades, onde todos devem intervir nos negócios públicos, nos problemas sociais, seja exercendo funções sociais que os futuros membros da sociedade se devem educar convenientemente…
O treino político-social deveria, em meu entender, começar já no tempo da vida escolar, por três formas principais, que são as seguintes:
1º- A educação cívica pelo self-government;
2º- A introdução dos problemas sociais no programa secundário, e a concepção da escola como um centro social;
3ª – A formação de sociedades escolares para a discussão em comum dos problemas sociais que mais interessam o estudante. […]”
António Sérgio,
Sobre Educação Primária e Infantil, Lisboa, Editorial Inquérito,1939, pp.63-64. :


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Uma oficina de humanidade
... “Cumpre considerar as estruturas escolares, conformá-las pelas exigências nacionais do presente e do futuro; substituir a escola selectiva pela escola de orientação no interesse do bem comum, da justiça social e da felicidade pessoal dos alunos; remodelar o conteúdo programático dos estudos e os métodos de ensino de acordo com as necessidades sociais e culturais da comunidade e as leis da aprendizagem; repensar a organização da vida escolar por forma que ela se torne uma oficina de humanidade, de autonomia e de criatividade...”.
Rui Grácio, Educação e Educadores, Lisboa, Livros Horizonte, s.d.

AS MUDANÇAS NECESSARIAS

Maria Emília Brederode Santos

Os casos de violência extrema na escola são raros, em Portugal como no resto do mundo. São muito graves, tão graves como noutro contexto qualquer e exigem uma intervenção imediata para lhes pôr termo, quer sejam de alunos, pais, professores ou auxiliares. Essa intervenção terá que ser conforme a lei e o direito e assume algumas características especiais no caso de os seus autores serem menores.

Um grau abaixo existem as formas de violência física, verbal e psíquica que, não deixando marcas físicas terríveis, podem ter consequências psicológicas tão graves como o horror à escola, o medo dos outros ou o desinteresse pela aprendizagem. Estas formas de violência são muito mais frequentes contra os alunos do que pelos alunos. É por causa delas que o Conselho da Europa e a ONU estão a levar a cabo o programa “Acabar com a violência contra as crianças – já!”

Finalmente, noutro grau abaixo deste “continuum” de violência, existem as “incivilidades” que são comportamentos desagradáveis, desgastantes, geralmente provocados por alunos contra colegas, auxiliares e professores, comportamentos que cansam professores e alunos, não permitem o trabalho escolar nem uma convivência civilizada. É a indisciplina que grassa nalgumas escolas, torna insuportável a vida de todos e requer medidas que lhe ponham termo – medidas de organização, de orientação, de formação – mas medidas pedagógicas e disciplinares e não medidas de intervenção criminal.

Por outro lado, estas incivilidades, que tornam insuportável a vida quotidiana de professores, alunos e funcionários e impedem a escola de cumprir a sua principal função, podem também ser vistas como um revelador da crescente inadequação da escola aos novos tempos, às novas populações, às novas necessidades.

De facto, a escola tal como está hoje ainda, maioritariamente organizada, foi concebida no século XIX para uma população homogénea ou que se queria homogeneizar, para sociedades industrializadas e taylorizadas, para um Estado forte e uniformizador. Tratava-se de uma escola dual correspondendo também a uma sociedade hierarquizada.

O saber, mais ou menos inquestionável, compartimentava-se em disciplinas organizadas logicamente; a população discente em grupos etários e em turmas correspondentes a níveis de saber e de expectativas…

É esta organização, esta gramática da escola que é hoje posta em causa. Para corresponder a novas características sociais, foram atribuídas à educação e à escola novas finalidades: proporcionar aprendizagens a todos, elevar o nível educativo geral de toda a população. Reviram-se essas aprendizagens : o conceito de competências acentua um saber vivo, mobilizável para a acção e não apenas para a demonstração da sua aquisição através de testes e exames.

Mas os invariantes da escola permanecem … invariáveis. É aí que urge “mexer”, quer ao nível dos saberes que se podem/devem organizar de outras formas que não só por disciplinas, quer ao nível dos alunos que se podem organizar individualmente, a pares, em pequenos grupos ou no grupo turma. Esta reorganização dos alunos tem necessariamente implicações no trabalho dos professores e na escola como um todo.


INDISCIPLINA NA ESCOLA: PREVENIR OU REMEDIAR
Isabel Valente Pires
Muitas vezes me interroguei sobre as causas do clima de agitação, indisciplina e mesmo violência que existe em tantas das nossas escolas.
A questão é complexa. Há uma imensidade de factores que contribuem para esta situação, desde a precariedade dos vínculos familiares até à crise de autoridade que atravessa toda a nossa sociedade e atinge especialmente a escola. Não pretendo fazer aqui um tratado sobre esta questão, mas apenas contar uma experiência que tem sido, para mim, muito aliciante.
Depois de uma vida dedicada à formação de professores, eu fazia a minha primeira experiência como directora de uma escola, num Colégio de Lisboa.
Faltavam 5min para o toque das 17h que marcava o final das aulas. Subitamente, a rotina foi interrompida pela entrada de uma professora no meu gabinete anunciando que havia sido roubado mais um telemóvel. Já nessa altura, era um telemóvel o motivo da perturbação! Tratava-se do terceiro ou quarto objecto de valor a desaparecer no espaço de algumas semanas. De acordo com o que já havia sido decidido e anunciado, mandei encerrar as portas do Colégio enquanto eu e a referida professora percorríamos as salas, pedindo a todos os alunos que mostrassem as suas mochilas aos delegados de turma (alunos por eles eleitos). O caos gerou-se rapidamente. Os pais enchiam o hall da entrada, falando agitadamente, muito zangados com a situação. A rua entupiu, cheia de carros que buzinavam furiosamente.
O telemóvel nunca apareceu, mas nunca mais desapareceram objectos de valor. Os telemóveis foram proibidos até que, alguns anos mais tarde, os alunos decidiram que poderiam trazê-los desde que respeitassem as regras que eles próprios estabeleceram. No entanto, durante esses primeiros três anos, fizeram todas as maldades que só uma imaginação de adolescente consegue conceber: partiram vidros com claques a baterem palmas, fugiram do Colégio obrigando a direcção, os pais e agentes da PSP a procurá-los por todo o bairro, fecharam uma professora com a turma numa oficina de Educação Visual que se encontra isolada para lá dos campos de jogos, atiraram pneus do recreio pelas janelas de uma sala de aula por cima das cabeças dos colegas, enfim tudo aquilo que nunca se esperaria que alunos deste tipo de escolas pudessem fazer.
Sempre que um destes episódios acontecia e nos víamos obrigados a castigar os alunos, fazíamo-lo com a consciência de que era necessário uma intervenção muito mais profunda que nos levasse à raiz do problema. Os castigos, ainda que inevitáveis quando os comportamentos são inadmissíveis, não resolvem a questão. E também não é possível, nem desejável, colocar um professor ou um auxiliar atrás de cada aluno.
Penso que é pacífico afirmar que, sem um clima de ordem e tranquilidade, não é possível ensinar e muito menos aprender. Quando ser mau estudante, desobediente e malcriado se torna popular e todos os alunos desejam imitar os prevaricadores, estes transformam-se numa força de atracção em direcção ao abismo da “não educação”.
A indisciplina, embora mais ou menos generalizada, manifestava-se especialmente entre os rapazes do 3º Ciclo do Ensino Básico. O mundo para além dos muros da escola era para estes adolescentes muito mais sedutor e as maldades que se lembravam de fazer eram certamente muito mais divertidas do que aquilo que a escola lhes propunha.
Pouco a pouco, algumas ideias começaram a emergir entre nós e a ganhar a força de convicções. Era necessário mudar o ethos da escola, encontrar metodologias de ensino mais motivadoras e atraentes, acreditar que todas as crianças gostam de aprender e têm a capacidade para regular a vida da comunidade com responsabilidade e solidariedade. Nós estamos lá apenas para as ajudar.
E assim deitámos mãos à obra. Gerou-se entre nós, professores e direcção, um forte espírito de equipa. Pensámos que, para melhorar o clima da Escola, talvez pudéssemos utilizar, de uma forma positiva, o imaginário criado em torno de Harry Potter, um herói dos adolescentes. Elaborámos um projecto e propusemo-lo, no primeiro dia de aulas, montando um grande espectáculo em que professores e directores apareciam vestidos de feiticeiros. Cada turma recebeu solenemente uma vassoura artesanal na qual, no fim de cada mês, eram colocadas fitas coloridas de acordo com os pontos que conseguiam ganhar através de “boas acções”. Acções menos dignas implicavam perda de pontos.
Este projecto marcou uma viragem no clima da Escola. Deixaram de ser populares os comportamentos desadequados, as más notas, a desorganização e a falta de cuidado com as salas de aula e os equipamentos de trabalho.
No ano seguinte foi possível iniciar um trabalho profícuo com assembleias de turma, de Ciclo e finalmente de Escola. Nelas, os alunos passaram a debater os seus problemas e a decidir, com grande maturidade, muitos dos aspectos da vida do Colégio. Periodicamente, os presidentes das mesas de assembleia de cada turma reúnem com a direcção num almoço de trabalho em que se debatem todas as questões que os preocupam, se fazem sugestões, se encontram soluções, se distribuem responsabilidades. São momentos muito bonitos nos quais podemos perceber como eles se sentem verdadeiramente responsáveis pelo seu Colégio.
Paralelamente a este cuidado com o ethos, houve uma preocupação com a forma de trabalhar as questões da aprendizagem, no pressuposto de que alunos verdadeiramente interessados na construção do conhecimento não procuram outras formas de ocupar o tempo.
Pensámos que um adolescente necessita de desafios. Propostas rotineiras são vistas como uma “seca”. Assim, temos vindo a optar progressivamente por metodologias activas, em que o professor, em vez de explicar a matéria, lança desafios, permitindo aos alunos que pesquisem individualmente ou em grupo. Este sistema mantém permanentemente viva a curiosidade pelo saber, mas implica uma organização diferente na gestão do currículo. Uma parte das aulas foi transformada em tempos de pesquisa, tendo-se construído instrumentos de apoio à organização do trabalho que os alunos neles desenvolvem.
As áreas artística e desportiva desdobraram-se em 13 ou 14 disciplinas de opção, permitindo aos alunos escolherem o que mais os motiva e começarem a perceber para onde se dirigem os seus interesses vocacionais.
O resultado tem sido muito gratificante. Podemos hoje afirmar que temos na nossa Escola meninas e meninos motivados, responsáveis, bem comportados e felizes.

1.6.08
 


Dia Mundial da Criança
Crianças da Granja ao frio enquanto eram destruídas as barracas que lhes serviam de morada.
AMB

 

Dia Mundial da Criança- Inquietações

Dia Mundial da Criança- quantos direitos por cumprir!

Apesar dos progressos, quantas crianças vivem em condições inaceitáveis!

Progredimos ao nível da melhoria do acesso à saúde e à educação, mas a nossa sociedade continua ainda indiferente a muito sofrimento, pobreza , exclusão educativa e social!

Temos hoje muito mais lugares na educação pré-escolar, mas não são ainda suficientes!

Temos hoje lugar para todos no ensino básico, mas não temos uma Educação Para Todos !
Porque a escolaridade cuja frequência é obrigatória, não é capaz de fazer com que todos aprendam! Porque a escolaridade cuja frequência é obrigatória, não é capaz de apoiar adequadamente todos aqueles que encontram dificuldades pelo caminho e a acumulação de insucessos leva muitos jovens a abandonarem muito cedo a escola, sem qualificações para enfrentar a vida profissional! Porque na maioria das escolas não há capacidade de organização para uma actuação ao primeiro sinal de dificuldade!

Existem Comissões cuja missão é proteger crianças e jovens, mas são muitas as crianças que ficam entregues a problemas tremendos enquanto para as comissões não é claro a quem compete resolver esses problemas....

Enquanto se continuar a considerar que a responsabilidade pela resolução dos problemas das crianças compete ao OUTRO, seja ele pai, mãe, professor, autarca, membro de uma comissão de protecção, ministério, os direitos da criança estarão longe de ser cumpridos!
Porque falta uma responsabilidade social que tem de ser assumida, sem adiamentos, por todos!
Ana Maria Bettencourt