Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

28.2.05
 
A esquerda ganhou as eleições... e agora?
O discurso sobre a “tanga”, a que nos habituaram nos últimos três anos em matéria de educação, associou abusivamente esquerda, desperdício, falta de exigência e falta de autoridade. A memória é curta e esquece-se muitas vezes os mais de trinta por cento de analfabetos que tínhamos na década de setenta e os progressos realizados desde então. Esquece-se que a autoridade com que tantos ainda sonham era indigna da democracia. Visava a formação de cidadãos passivos e acríticos.
É certo que há muitos problemas por resolver, mesmo muitos problemas, é certo que muitas escolas não cumprem os objectivos estabelecidos para a educação e não têm estratégias para avaliar os seus desempenhos e corrigir os seus erros.
Mas afinal em que se têm traduzido as políticas socialistas em matéria de educação? Serão essas políticas responsáveis pelos nossos problemas?

Destacarei duas apostas da esquerda sem pretender desvalorizar outras alterações introduzidas nos currículos e na gestão:

-O investimento nas pessoas
Se virmos por essa Europa fora, foi a esquerda que primeiro assumiu a prioridade na educação. As social-democracias dos países nórdicos investiram fortemente na educação e retiraram frutos muito positivos. Só bastante mais tarde a direita entendeu que aquilo que designava por gasto devia ser considerado um investimento, essencial ao futuro das pessoas e dos países. Felizmente a Europa em uníssono defende hoje a estratégia de Lisboa com relevo para a educação. Os socialistas portugueses também assumiram esta prioridade. Falharam na racionalização de recursos e na avaliação dos resultados.
Nos debates a que assistimos entre nós, o tema dos “gastos” tem ganho terreno. É importante repensar objectivos e metas mas o investimento na educação nunca é um desperdício.

-O combate pela integração educativa e social
É de destacar como apostas socialistas a educação pré-escolar e o combate ao abandono e insucesso escolar designadamente com adopção de processos de discriminação positiva, em geral marcas da esquerda. A educação de adultos, igualmente bandeira de muitos governos de esquerda, tem sido adiada entre nós. Valeria a pena contudo conhecer melhor o que de bom se fez neste sector, designadamente no que diz respeito ao reconhecimento e validação de competências.
O pré-escolar foi uma aposta de êxito dos socialistas portugueses, quer pela democratização do acesso verificada, quer pela criação de instrumentos de qualificação da sua rede.
Infelizmente os projectos de discriminação positiva criados, com inegáveis frutos em muitas situações educativas, escolas e territórios, não foram consistentemente apoiados e avaliados. Quantos abandonos da escola obrigatória se evitaram? Quantos alunos beneficiaram de uma melhor escolaridade com estes projectos? Por mim, conheci muitos e tenho a certeza de que muitos mais existem. Mas é pena que não se estudem e divulguem de forma mais sistemática e rigorosa os resultados obtidos.

Não podemos continuar como estamos: cada dia que passa, há crianças e jovens que abandonam a escola sem qualquer qualificação e o país fica muito mais pobre.
Ana Maria Bettencourt
* Publicado no jornal A Capital a 26 de Fevereiro
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"Pode recuperar-se a magia da leitura?"
Sugiro esta notícia do jornal "La Vanguardia", de Barcelona, referindo a conferência Pode recuperar -se a magia da leitura? , realizada por José Antonio Marina (filósofo , professor de Filosofía e escritor multifacetado, com estudos em domínios como a fenomenología, a psicologia genética, a neurología e a linguística) .
Este pensador espanhol aponta com preocupação que as crianças e os jovens vão diminuindo o seu apego à leitura, à medida que avançam na escolaridade . Paradoxo? ....
Na sua exposição, sublinha a importância da educação para a leitura, como um factor imprescindível para o desenvolvimento pessoal, o exercício da cidadania e a própria condição humana - as narrativas, aponta ele, são grandes constantes da humanidade [que] nos revelam mais o que somos, do que qualquer tratado de antropologia .
Vejam! Parece simples!
http://www.lavanguardia.es/web/20050225/51177940941.html
E, já agora, aproveito para lhes sugerir que "frequentem" a página deste jornal. Na secção Sociedade, edita documentos sobre a política educativa e mantém permanentes fóruns sobre a Educação, em Espanha e na Catalunha.
Inserido por: Maria José Martins

27.2.05
 
Gestão das escolas, mas gerir o quê?
A toda a hora se refere a criança e/ou jovem como fulcro da política e da acção educativa. Assim sendo, e porque a criança e/ou jovem não são uma tábua rasa, onde se imprime indiferentemente, o que quer que seja, juntamente com as questões da construção do conhecimento, surge a preocupação com as matérias de ordem psicológica e sociológica, com a pedagogia e a didáctica.

Se o que acabámos de afirmar, embora nos pareça óbvio, não é igualmente aceite por todos, as vozes dissonantes ainda aumentam mais quando abordamos a questão da gestão das escolas.
O que têm a ver o desenvolvimento das crianças e dos jovens com a gestão das escolas?

Pois é, na nossa opinião, tem tudo a ver. E é interessante verificar que no Programa do PS, que acaba de ganhar as eleições, se referem diversos assuntos que deviam dizer, obrigatoriamente, respeito à gestão das escolas, sem nunca indicar a palavra fatídica- gestão- a não ser dizendo, genericamente “…as escolas verão reforçadas as suas capacidades próprias de organização e gestão, num quadro de maior responsabilização e avaliação de processos e resultados…”.

Interrogámo-nos: porque será que se continua a abordar, mais ou menos sistematicamente, várias questões essenciais à vida das escolas, ignorando o papel da gestão, como se essa não fosse uma peça decisiva na melhoria do funcionamento das escolas??

Expliquemo-nos melhor: ter uma ideia clara sobre as matérias que devem estar no âmbito da gestão das escolas, por que assim sendo se torna clara a sua responsabilidade sobre a aprendizagem aos alunos, é uma tarefa fundamental. Por isso mesmo, não tem sentido ou tem reduzidas consequências falar em autonomia, contratos de autonomia, contratos programa, sem um quadro claro de definição das matérias sobre as quais as escolas podem exercer maiores responsabilidades com benefícios para os alunos. ( nomeadamente, colocação e definição do trabalho lectivo ou não do professor, definição de tempos e espaços, definição local de uma parte do currículo, gestão financeira…)

E aí é que está o busílis, saber sobre quais os campos de trabalho e respectivos graus de autonomia, o Governo ( estamos a falar de poder) estará convencido da importância e terá os meios para obrigar, a administração central e regional, a passar poder de decisão às escolas.

O poder e as competências fundamentais de ordem geral, que devem ser exercidas plenamente pelo governo e pelas administração central e regional, não devem ser confundidas com o exercício de questões que, melhor do que ninguém, as escolas devem ter a responsabilidade de assumir.

Não podem continuar-se a elaborar Projectos Educativos de Escola, só porque está na lei, sem serem criadas condições para que esses passem a ser instrumentos fundamentais de gestão. Mas assim continuará, enquanto aspectos fundamentais da vida da escola, como os acima referidos e que afectam todos( alunos, professores, pais, autarquias, funcionários) não fizerem parte dos assuntos sobre os quais a direcção e gestão da escola terão que assumir a decisão e a responsabilidade.

Por isso, e porque pensamos que a produção de mais literatura política sobre educação, só por si, não é uma prioridade para o nosso país, ficámos a aguardar um programa que, entre os focos de mudança proponha novos campos de acção para a gestão das nossas escolas.
Para que a lógica organizativa seja instrumental face às finalidades educativas, como muito bem se afirmava nas bases programáticas do partido socialista, a prioridade não é alterar o desenho da gestão mas as margens de manobra da gestão de cada escola.
Berta Macedo
Publicado no jornal A Capital a 26 de Fevereiro
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26.2.05
 
Comentário
Caro(a)s Colegas e Amigo(a)s

Para além de vos felicitar pelo blog, gostaria de "meter a colher" nesta questão fulcral levantada pela Ana Maria Bettencourt e pela Maria Emília Brederode Santos. Penso que não se pode adiar mais a formação cívica nas nossas Escolas, Básicas e Secundárias. Tenhamos a coragem de reconhecer que uma das principais razões do fracasso das "disciplinas" que se foram sucedendo nesta área foi a falta de um programa orientador da acção dos docentes, muitos deles incapazes de formular conteúdos adequados e mobilizadores do interesse dos estudantes.
Criemos um programa mínimo (amplamente debatido com os parceiros que sobre ele se devem pronunciar), façamos formação de docentes e criemos materiais de apoio...e certamente que as coisas melhorarão.
Se continuarmos na posição "politicamente correcta" de que tudo deve ficar "democraticamente" ao critério das Escolas e dos professores, continuaremos a não fornecer aos jovens a necessária formação para a intervenção cívica nas questões das Res Publica.

António Pedro Manique

 
Pedagogias que desvalorizam a função da memória...
No Público de 6ªf , dia 25 de Fevereiro, o João Bénard da Costa escreve uma bela crónica intitulada "A solidão da memória". A dada altura diz ele :

"É por isso que penso que as pedagogias que desvalorizam a função da memória, ou se batem contra o "ensino memorialista", são as responsáveis pela incultura dominante e pela perda do sentido de tempo e de História, sem a qual ninguém se acha e os portugueses muito menos."

Não pergunto só se ele tem razão. Pergunto se isto existe, isto é, se há pedagogias que desvalorizam a função da memória (claro que sim mas só da memória mecânica, sem compreensão prévia ou paralela, não é ?) ou que se batem contra o "ensino memorialista." (terá havido, num dado momento, por reacção ao aprender exclusivamente de cor, quando os meninos tinham que aprender de cor listas de números ou serras à custa da chibatinha ou da menina de sete olhos. Mas hoje, ainda há ?)

De qualquer forma aqui fica a interrogação. Acho que, vinda do João Bénard, vale a pena levar a sério.
E gostava de vos ouvir, ou melhor, ler.

Maria Emília Brederode Santos
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25.2.05
 
FORMAÇÃO PARA A CIDADANIA*
Em vésperas de eleições, depois de uma campanha que foi constantemente verberada pelo seu “baixo nível” e “fraca qualidade”, será apropriado levantar a questão da formação cívica em Portugal.

Acresce ainda que, embora de nada se ouça falar neste delicioso canto do mundo, o Conselho da Europa instituiu 2005 como “Ano Europeu da Cidadania pela Educação” e que Portugal até tem experiência, conhecimentos e recursos com que pode dar um contributo válido senão se remeter para a posição de mero receptor do trabalho alheio.

De facto, desde que, em 1974, se instaurou um regime democrático em Portugal, que tem sido assumida, de modo mais ou menos explícito, a necessidade de formar para uma sociedade democrática.

Embora a escola não seja a única instituição com um papel educativo neste domínio (e seria útil estudar o papel de outras instituições), a escola pode e deve contribuir para a formação de cidadãos democratas. E quando o faz, não só está a contribuir para o desenvolvimento de competências importantes para cada um como para o desenvolvimento da própria sociedade.

Conhecimentos sobre processos e instituições democráticos, competências de negociação, cooperação, debate e intervenção, capacidades de análise crítica dos media ou a construção de uma verdadeira compreensão do que é e do que implica o reconhecimento da igual dignidade de todos os seres humanos – são exemplos de aprendizagens fundamentais numa formação para a cidadania democrática.

Se analisarmos a evolução da educação para a cidadania desde o 25 de Abril vemos que foram realizados vários esforços para promover a formação cívica. Destaquemos como projectos mais significativos:

1975- Educação Cívica Politécnica, área interdisciplinar que visava simultaneamente formar cidadãos e estabelecer o contacto com o mundo das profissões. Nos anos 80 seria possível encontrar, na Dinamarca e na Grã Bretanha, entre outros países, práticas muito semelhantes às nela desenvolvidas. Existiu no 7º ano de escolaridade e foi suspensa em 1976.

1989-Área Escola, também uma área que visava o desenvolvimento de projectos interdisciplinares, dando cumprimento a objectivos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986). Existiu no ensino básico e secundário.

2001- Formação Cívica, área curricular não disciplinar, considerada pela legislação que a criou (Decreto-Lei 6/2001) como elemento essencial na “formação de cidadãos responsáveis, críticos, activos e intervenientes”.
Existe nos três ciclos do ensino básico.

Nenhuma destas áreas tinha programa. Exigiria por isso formação de professores e estratégias bem planeadas de lançamento e acompanhamento de inovações o que nunca existiu de forma sistemática e consistente.


Nos dois primeiros exemplos deitou-se fora o menino com a água do banho... Será que o mesmo se vai passar agora, com esta área de Formação Cívica que sofreu de uma verdadeira orfandade política ao longo dos últimos anos?

A verdade é que os programas dos partidos políticos são extraordinariamente parcos e confusos nesta matéria.

E agora? Vamos inventar uma nova área....ou vamos dar consistência à que existe avaliando-a e apoiando os respectivos professores em função das necessidades reveladas por essa avaliação...?

E para o Ano Europeu da Cidadania pela Educação? Quem vai fazer o quê?

Ana Maria Bettencourt e Maria Emília Brederode Santos

* Publicado no jornal A Capital a 18 de Fevereiro
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24.2.05
 
AFINAL O QUE É UMA ESCOLA?!*
Há 100, 50 anos, ou mesmo há 25 anos, uma escola não era o mesmo que tem de ser hoje. Na Europa do século XXI a escola tem de ser um local aonde se educa, se instrui, se socializa e se acompanham os alunos até à sua inserção na vida activa. Exige-se “uma escola para todos”, que promova a equidade e coesão social, que assegure as aprendizagens e o sucesso escolar e desenvolva uma educação equilibrada e diversificada que vai do inglês, ao desporto e às artes.

Para poder cumprir esta missão a escola tem de ter condições que passam por profissionais qualificados, apoios técnicos especializados e acessíveis, e bons espaços físicos. A escola tem também de servir refeições e de ter locais para os profissionais reunirem, trabalharem e se relacionarem com a comunidade local.

Para além da amplitude e dificuldade do debate à volta das escolas e das redes educativas há questões que subsistem por resolver e, apesar do percurso feito e de existirem exemplos modelares e de uma qualidade quase inexcedível, essa não é a regra e o conforto dos espaços, a oferta de equipamentos especializados e a acessibilidade dos apoios técnicos está longe de ser uma realidade.

Uma primeira questão tem que ver com as características e dimensão das escolas. Será que se justificam as pequenas escolas rurais e urbanas e os agrupamentos escolares decididos com mera fundamentação administrativa?

- “Centros Escolares de média dimensão”, “Centros Educativos Comunitários” ou “agrupamentos de escolas do ensino básico numa lógica em que a organização seja instrumental face às finalidades educativa” aparecem em três programas eleitorais como medidas que podem ultrapassar o isolamento de alunos e professores ou resolver o absurdo da constituição de alguns agrupamentos. Mas será que os recursos físicos e humanos que hoje uma escola exige são possíveis para dar resposta a grupos reduzidos de alunos? Não há alternativas que favoreçam melhor a socialização e multidisciplinaridade que a aprendizagem implica e de que, tanto alunos como professores, necessitam. A resposta não é fácil e talvez seja de admitir que a muito pequena escola já não é a que os alunos e os pais preferem, nem é a que o país precisa para fazer progredir a qualificação dos seus jovens e para ultrapassar os tão desoladores resultados qualitativos do seu sistema educativo. Haverá dinheiro para manter uma rede excessivamente dispersa com a qualidade que se exige e será que é por manter a escola que se pode suster a morte de um aldeia!

Outra questão refere-se à imprescindibilidade de uma escola poder dispor de apoios técnicos e infra-estruturas especializadas.

O “reforço das redes de cooperação com vista à partilha de recursos humanos, materiais e financeiros e infra-estruturas entre escolas”, ou a “rede territorialmente equilibrada e eficiente de recursos educativos, sociais e psicológicos para apoio às escolas e aos professores” são ideias que aparecem também em dois programas eleitorais e que merecem ser bem trabalhadas, porque permitem assegurar às escolas as condições sem as quais não podem responder à grande ambição que se lhes atribui. A dificuldade tem estado e está em saber que recursos, que integração e articulação entre eles, quem assume a sua gestão e o seu equilíbrio e quais são as condições para que a partilha pelas várias escolas seja adequada, oportuna e eficiente.
Até agora, tem sido mais fácil, criar estruturas paralelas, “reinos” concorrentes. Como ultrapassar esta dificuldade num momento de emagrecimento da administração pública, sem criar ainda mais uma nova estrutura para coordenar as restantes. Esta é a dificuldade e o desafio, tanto mais que a educação, hoje, para acontecer, também se tem de articular com outros sectores da administração, como sejam, a saúde, a segurança social, o emprego e a justiça.

Maria José Rau
*Publicado no jornal A Capital no dia 19 de Fevereiro
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23.2.05
 
Ainda sobre as Escolas Profissionais-alterações no financiamente
Há uns dias, 16 de Fevereiro, tinha escrito aqui sobre os problemas causados pelo modelo de financiamento das escolas profissionais situadas na região de Lisboa e Vale do Tejo. As alterações entretanto anunciadas vêm resolver algumas questões.

O Novo Modelo de Financiamento do Ensino Profissional para Lisboa e Vale do Tejo é um passo importante
A meio do segundo ano de aplicação do modelo de financiamento do ensino profissional para Lisboa e Vale do Tejo, registam-se finalmente avanços que, a concretizarem-se, poderão permitir a criação de condições que viabilizem o funcionamento das Escolas Profissionais (EP) nesta Região e noutras que deixem de beneficiar de fundos comunitários.
A forma de financiamento ainda em vigor foi desde logo contestada pelas EP, porque o sistema de atribuição de bolsas não é o adequado, o valor das bolsas é insuficiente e o modelo não contribui para a estabilidade financeira das EP. Os prejuízos para o desenvolvimento dos projectos educativos são evidentes e a existência de propinas elevadas, a suportar pelas famílias dos alunos, tornou-se inevitável.
A portaria, agora anunciada, não contribui para resolver o passivo de dois anos de financiamento das EP de LVT, mas abre a possibilidade de, no futuro, se ter outra perspectiva sobre a sustentabilidade das EP nesta Região.
O conteúdo da portaria vai, no essencial, ao encontro das propostas apresentadas pelas EP e do movimento sindical docente, quanto a esta matéria e afasta a hipótese do ensino profissional apenas poder ser frequentado por quem pode pagar, o que significaria a elitização desta modalidade de ensino.
Augusto Pascoal
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22.2.05
 
O contrato individual de sucesso educativo
A lei Fillon - Lei de orientação para o futuro da escola -, que se encontra presentemente em discussão em França, introduz um novo dispositivo para apoio aos alunos com dificuldades de aprendizagem durante o período de escolaridade obrigatória. Designado de "contrato individual de sucesso educativo" visa proporcionar apoio específico aos alunos que apresentam dificuldades na aquisição dos conhecimentos indispensáveis ou necessidades educativas específicas. Tendo por base os resultados de avaliação escolar, é proposto ao aluno e aos seus pais um plano educativo individualizado, na realização do qual se comprometem expressamente o director da escola e o director de turma, e que permitirá avaliar regularmento os progressos do aluno. No ensino primário, a responsabilidade pela execução do "contrato" é do professor do aluno e no "collège" (que corresponde aos nossos 6º a 9º anos de escolaridade) é do director de turma. No "collège" o apoio realiza-se em pequenos grupos num horário específico. O tempo lectivo dos alunos é reorganizado de maneira a permitir que, por um lado, recuperem nas matérias em que têm dificuldades e, por outro lado, ganhem confiança em si próprios nas matérias que melhor dominem. Cabe à inspecção supervisionar o desenvolvimento destes "contratos" em termos de resultados dos alunos e apoiar os professores neles envolvidos.
Penso que o que há de mais interessante neste dispositivo é a responsabilização partilhada por alunos, pais e professores por um determinado percurso de aprendizagem. A desculpa não pode ser mais a do aluno que não aprende, da família que não se interessa, do professor que não tem meios para individualizar o ensino e atender ao ritmo de aprendizagem de cada um. Neste tipo de contrato, formalizam-se as vontades, objectivam-se as dificuldades, traça-se um caminho em que cada parte se compromete na sua realização. Para que todos os alunos saiam da escola com os instrumentos essenciais para o exercício da sua cidadania!
Teresa Gaspar
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19.2.05
 
Tarde e a más horas!
Este lembrete vai tarde e a más horas ! Devia ter-vos recordado, logo de manhã, que hoje, Sábado, é o dia que "A Capital" dedica às "Inquietações Pedagógicas". É a página 44 e desta vez inclui um artigo da Maria José Rau - "Afinal o que é uma escola ?" sobre as características e dimensões das escolas hoje necessárias e suas consequências sobre a rede escolar ; e outro artigo de Ana Maria Bettencourt e Maria Emília Brederode Santos (eu !) sobre "Formação para a Cidadania" onde se fala da NAC ( nova área curricular não disciplinar) de Formação Cívica e também do Ano Europeu da Cidadania pela Educação, instituido pelo Conselho da Europa em 2005.

Estes artigos serão reproduzidos aqui neste blog nos próximos dias. Para a semana temos já um excelente artigo da Maria José Martins - "Há vida na escola ?" - que descreve a visita a uma escola onde há pouca vida...

Em breve darei mais notícias.
M.E.B.S.

18.2.05
 
Uma Escola em que Todos Aprendam*
Neste período de campanha eleitoral todos os partidos apresentam as suas propostas para a educação. Em termos gerais, verifica-se que todos atribuem à educação um papel crucial no desenvolvimento do país, coincidindo no diagnóstico de que os níveis de abandono e insucesso escolar são preocupantes e deverão dar origem a programas de emergência, mais ou menos concretizados nos diferentes textos programáticos. Para o PCP, "um plano de combate ao abandono e insucesso escolares" consta das 25 medidas urgentes que o partido se propõe realizar; o BE inclui no capítulo dedicado a "resolver a dívida interna e o défice" as questões da educação, definindo o objectivo global de "combater o défice do atraso com a educação" para alcançar uma "educação de massas e de qualidade". O programa do PSD quantifica as metas a alcançar, designadamente a redução da taxa de abandono escolar de 45% para 20% no período da legislatura, como um dos 10 compromissos do seu "contrato com os portugueses". Quanto ao PS, "mais e melhor educação" implica a "redução drástica do insucesso no ensino básico e do abandono na transição para o secundário", comprometendo-se a tornar obrigatória a frequência de ensino secundário ou de formação até aos 18 anos de idade.
O que nenhum dos partidos diz é como irá proceder para que todos aprendam, para que todos desenvolvam o gosto por saber mais, para que todos encontrem orientação para os seus projectos de vida. Em parte nenhuma se questiona o enorme desperdício de recursos que significa um aluno poder transitar ano após ano (frequentemente do 5º ao 9º ano de escolaridade) reprovado a Matemática ou a Inglês, sem que nada seja feito para o ajudar nas suas dificuldades. No ano seguinte, o programa será o mesmo para todos e a avaliação servirá mais uma vez para confirmar que o aluno não sabe! E o que dizer de todos aqueles que acreditaram que podiam continuar na escola, ir para o 10º ano, fazer o secundário, ganhar uma qualificação, e que de trimestre para trimestre acumulam notas negativas sem que ninguém os oriente, os ajude a estudar, a descobrir os seus próprios interesses e também a fazer escolhas acertadas?
Mas há também um outro lado das razões do abandono escolar de que raramente se fala, e que têm a ver com o chamado "nivelamento por baixo". As crianças que iniciam os seus percursos escolares cheias de entusiasmo, de desejo de aprender, que rapidamente fazem as aprendizagens que lhes são propostas, que querem saber mais, que estão cheias de curiosidade e querem trabalhar mais e ir mais além e para as quais, com lamentável frequência, a escola e os professores adoptam aquela máxima de que o ensino tem de ser igual para todos… Não me refiro a crianças sobredotadas, cujas necessidades educativas especiais requerem formas particulares de organização do processo de ensino e aprendizagem, mas àquelas crianças e jovens que, de ano para ano, vão perdendo o interesse, se vão desmotivando por falta de estímulo intelectual, por falta de alimento para a sua curiosidade, por falta de propostas que mobilizem as suas capacidades e a sua imensa energia para novas descobertas: os trabalhos de pesquisa sobre problemas que realmente lhes interessem são raros, as práticas de observação natural ou as actividades experimentais na área das ciências são esporádicas e as actividades de expressão artística, da música ao teatro ou à pintura, são praticamente inexistentes durante os nove anos de escolaridade básica. Porquê perder tempo ali, quando a vida os espera cá fora ?
Claro que quando falamos destas coisas que são o cerne do processo de ensino e aprendizagem parece que nos afastamos das questões da política educativa. Contudo, estas são verdadeiras inquietações que gostaríamos de ver contempladas nas propostas políticas da educação.

Teresa Gaspar
* Publicado no jornal A Capital a 12 de Fevereiro

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17.2.05
 
CONFAP
Aqui fica o convite para visitarem o site da Confederação Nacional das Associações de Pais, nomeadamente, a página sobre as legislativas 2005 onde poderão encontrar o que os programas partidários dizem sobre educação.
http://www.confap.pt/desenv_noticias.php?ntid=277

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16.2.05
 
Escolas Profissionais Ameaçadas*
Portugal tem as mais elevadas taxas de abandono escolar sem qualificação da Europa. As escolas profissionais constituem uma das respostas de sucesso do nosso sistema, ao oferecerem formação profissional motivadora, após a escolaridade obrigatória. Apesar disso cerca de 50% dos jovens que se candidatam a um curso não têm vaga.
Caracterizadas essencialmente pela originalidade dos projectos educativos que protagonizam e pela autonomia pedagógica que conquistaram, as cerca de 170 escolas que actualmente constituem a rede de oferta de ensino profissional no Continente e nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, têm como missão, verdadeiramente assumida, formar e qualificar jovens para o desempenho de profissões nas regiões onde estão sedeadas ou têm pólos.
Às escolas não faltam projectos, nem vontade de levar mais longe o sonho de prosseguir o seu trabalho. Apesar de ser consensual a importância e o papel do ensino profissional no sistema educativo e o reconhecimento do mérito evidenciado pelas escolas profissionais, elas convivem com modelos de financiamento que as estão a estrangular e que ameaçam destruí-las.
Modelos de financiamento inadequados
Para além das escolas profissionais da Região de Lisboa e Vale do Tejo-RLVT, que em parte são financiadas a partir de uma bolsa que lhes é confiada, pela Direcção Geral de Formação Vocacional e das propinas que definiram para os alunos do 1º e 2º anos, as outras e as turmas dos 3º anos das primeiras, são financiadas através do Fundo Social Europeu-FSE e por uma componente de comparticipação nacional, assegurada pelo Ministério da Educação e pela Segurança Social.
Como a esmagadora maioria das escolas profissionais são asseguradas por entidades e associações de utilidade pública sem fins lucrativos, que não possuem meios financeiros compatíveis com estes sistemas de financiamento, está a verificar-se o seu estrangulamento progressivo, porque, entre a realização e pagamento de uma despesa e o seu reembolso, têm que aguardar três ou quatro meses, devido ao pesado processo que decorre entre o envio dos pedidos de reembolso e o seu processamento. As escolas profissionais de LVT, apesar de obrigarem os seus alunos a pagarem, em muitos casos, propinas mensais de elevado valor (o ensino secundário oficial é gratuito), também não escapam ás dificuldades, porque os valores da bolsa e das propinas não permitem o seu normal funcionamento.
A necessidade de surgir um instrumento legal que agilize a aplicação do FSE às instituições que ele financia (consta que está um projecto há meses num gabinete de um membro do Governo anterior, entretanto reconduzido) e a indispensabilidade de repensar o financiamento para a Região de Lisboa e Vale do Tejo, não aliena a urgência de se agir com celeridade, sob pena de começarmos a assistir ao rápido encerramento de escolas profissionais, porque o poder político não sabe ou não quer resolver a dramática situação em que as colocou.
Augusto Pascoal
*Publicado no jornal A Capital a 12 de Fevereiro
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15.2.05
 
Escola da Ponte
O primeiro contrato de autonomia assinado pelo Ministério da Educação e um estabelecimento de ensino público.
No jornal Público de 15 de Fevereiro http://jornal.publico.pt/2005/02/15/Sociedade/S11.html
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14.2.05
 
ANTIGAS INQUIETAÇÕES...
"Os jovens de hoje gostam do luxo.
São mal comportados,
desprezam a autoridade.
Não têm respeito pelos mais velhos
e passam o tempo a falar em vez de trabalhar.
Não se levantam quando um adulto chega.
Contradizem os pais,
apresentam-se em sociedade com enfeites estranhos.
Apressam-se a ir para a mesa e comem os acepipes.
Cruzam as pernas
e tiranizam os seus mestres."
Sócrates
470-399 A.C.
MCMoita
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"Cada Vez Menos Alunos Querem Aprender Francês "
Vale a pena ler no jornal Público de dia 13 de Fevereiro o artigo de Barbara Wong
http://jornal.publico.pt/publico/2005/02/13/Sociedade/S01.html

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2005 Ano Europeu da Cidadania através da Educação
O Conselho da Europa estabeleceu que o ano de 2005 deverá ser dedicado ao desenvolvimento de um conjunto de acções nas escolas tendo em vista promover o conhecimento e o debate sobre as questões da cidadania e da aprendizagem da democracia. Em Portugal, a coordenadora nacional é a Profª Helena Salema do Departamento de Educação da Faculdade de Ciências de Lisboa. Informações sobre as actividades previstas podem ser obtidas no site http://www.coe.int/

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Nova Lei de Orientação da Educação em França
Na sequência do relatório Thélot, intitulado "Pour la réussite de tous les élèves", o governo elaborou um projecto de lei que começará a ser discutido amanhã no parlamento. Logo no artigo 3º diz: "A Nação fixa como objectivo do sistema educativo garantir que 100% dos alunos adquiram no final da sua formação escolar um diploma ou uma qualificação reconhecidos e de assegurar que 80% do grupo de idade aceda ao nível do baccalauréat. Fixa também como objectivo que 50% do total desse grupo de idade obtenha um diploma de ensino superior".
O texto integral da proposta de lei e outras informações sobre o debate que está a processar-se podem ser consultados no site http://www.loi.ecole.gouv.fr/

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13.2.05
 
Bolonha, financiamento e eleições*
Nos programas para as eleições de 20 de Fevereiro, todos partidos com assento parlamentar fazem referência ao Processo de Bolonha e a questões relacionadas com o financiamento do ensino superior público.A associação destas duas questões é relevante. Em primeiro lugar, porque tem sido afirmado que alguns ministros, quando assinaram a Declaração de Bolonha, tinham em mente a possibilidade de reduzir a despesa com o ensino superior, por via da diminuição da duração dos cursos.Em segundo lugar, porque pairava a dúvida sobre o que o Governo cessante se preparava para fazer. Num período de retracção da procura do ensino superior, sendo o financiamento essencialmente baseado no número de alunos, reduzindo-se a duração do primeiro ciclo de formação superior e mantendo-se a incerteza quanto ao valor das propinas do segundo ciclo de formação, as perspectivas de maior redução da dotação do Estado ganhou foros de ameaça. Tanto mais gravosa quanto os orçamentos estão, em muitas escolas, no limiar da sobrevivência e porque inquinou muitas das discussões sobre o Processo de Bolonha.O que defendem os partidos varia. O PSD propõe-se concretizar o Processo de Bolonha, não se comprometendo quanto ao financiamento das instituições, e avança com uma maior comparticipação dos estudantes no custo real e a criação de um mecanismo de pagamento após a entrada no mercado de trabalho. Neste último ponto é acompanhado pelo PP que, para além de propor a “implantação” do Processo de Bolonha, admite “a garantia de contratação do financiamento do 2º ciclo”, o que quer que tal signifique.O BE e o PCP propõem a abolição das propinas e financiamento adequado do ensino superior, embora o BE apenas refira, certamente por lapso, as universidades. A posição difere quanto ao Processo de Bolonha, defendendo o PCP o combate ao processo, considerando que põe em causa a soberania nacional, enquanto o BE, reconhecendo que tem aspectos positivos, recusa o desmantelamento do ensino superior por via de Bolonha, rejeitando as “regras” que conduzem à redução da responsabilidade pública.Por seu lado, o PS propondo-se concretizar o Processo de Bolonha, assume a não diminuição do financiamento público disponível como consequência da sua aplicação, estendendo ao segundo ciclo o modelo de financiamento em que o Estado assume a parte principal dos custos e contratualizando um nível mínimo de financiamento.Em resumo, PS, PSD e PP são a favor do Processo de Bolonha, o PCP contra e o BE aceita com reservas. No financiamento, o PSD e o PP não se comprometem, o PCP e BE querem-no “adequado”, leia-se aumento, enquanto que o PS se compromete a não o reduzir. Finalmente, no que se refere a propinas, o PSD propõe o seu aumento (o que para o primeiro ciclo suporia alterar a Constituição), o texto do PP é incompreensível, o BE e o PCP, como partidos de oposição, defendem a sua abolição e o PS propõe-se não aumentar as do primeiro ciclo, estendendo o modelo de financiamento ao segundo ciclo, o que significa que não serão livres como nos actuais mestrados.
Agora escolha.
Pedro Lourtie
* Publicado no jornal A Capital a 5 de Fevereiro de 2005
Comentários: inquietacoes_pedagogicas@hotmail.com

12.2.05
 
Alberto Melo deu-nos o prazer da sua visita
Caras e Caros Colegas,
Descobri recentemente o vosso blog, graças a uma boa amiga. É uma excelente iniciativa.
A propósito do Ano Internacional da Cidadania através da Educação, gostaria de participar no vosso blog com um texto que escrevi, há uns 27 anos. Foi publicado -pelo Instituto de Educação da UNESCO e a Pergamon Press - num livro de artigos vários, por autores de diferentes países (incluindo o José Mariano Gago) - em versão inglesa. Nunca foi, no entanto, publicado em Portugal. Traduziu-o recentemente e aqui o envio, se o quiserem utilizar.
Com os meus melhores votos para uma continuação do óptimo trabalho que estão realizando.
Saudações cordiais,
Alberto Melo
P.S. Também junto uma referência à Associação "O Direito de Aprender" e à Revista "Aprender ao Longo da Vida"


Em breve, depois de resolvidos alguns problemas técnicos, publicaremos na íntegra o texto que tão gentilmente nos enviou. Neste momento tem muito mais caracteres do que o número que tínhamos estabelecido que seria conveniente aparecer no ecrã.

O CIDADÃO

(Curto ensaio sobre Educação Política)

Alberto Melo


Em uníssono, comentadores na comunicação social, investigadores, jornalistas ou representantes de partidos deploram a apatia pública perante a política – excepto, em geral, por altura das eleições, quando o interesse é constantemente estimulado pelos ‘media’. Além disso, a informação política atinge todas as casas numa escala inédita através dos jornais, rádio e televisão. Já não é possível fingir que a política não existe. A política está metida em tudo, no elevado preço da gasolina ou nos 7 meses de espera para uma simples intervenção cirúrgica, na longa caminhada a pé para casa causada pela greve dos transportes públicos, até nos filmes de terror...

Perante um novo e sério problema a enfrentar, tal como a subida drástica no preço da gasolina, a reacção das pessoas não é, via de regra, de apatia. Reagem e as suas reacções (na maioria das vezes, apenas verbais) diferem bastante, tanto no tom como no conteúdo: “Nunca devíamos ter perdido as colónias!”; “As grandes empresas é que levam o lucro todo!”; “Quando é que teremos finalmente o automóvel eléctrico?”; “Ora, ora, oxalá que o próximo aumento de ordenado chegue para cobrir este aumento”; “Mas porque razão o governo não reduz o imposto sobre combustíveis?”; “Boicotem-se todas as importações de petróleo, já! Regressemos às bicicletas!”

Todas estas reacções se baseiam em informação. Pode até assumir-se que as pessoas que fizeram estes comentários tiveram todas acesso à mesma informação, ao mesmo tipo de conhecimento político sobre a crise do petróleo. Contudo, fizeram opções pessoais ao seleccionar, a partir da informação original, o factor específico mais capaz de expressar os respectivos sentimentos. Para mais, não será possível distinguir entre as reacções correctas e as reacções erradas. Alguns comentários poderão ser objecto de uma condenação moral, e é sempre possível procurar avaliá-los em função do respectivo grau de realismo político ou classificá-los por categorias psicológicas, mas não se podem invocar argumentos científicos para separar o falso do verdadeiro.

Será possível retirar algumas conclusões do que ficou dito que poderão ser úteis para uma clarificação gradual do conceito de “pessoa como cidadão”. Uma delas refere-se a opinião política, um assunto do maior interesse, não só para os que organizam sondagens de opinião, mas também para os militantes políticos que consideram a manipulação das opiniões pessoais como uma parte essencial da sua missão. As opiniões não precisam de ser cientificamente substanciadas; reflectem a ideologia ou filosofia de vida daqueles que as expressam. Ter opiniões e ser capaz de as articular é uma necessidade muito largamente sentida pela população adulta. E isto exige, para além de uma aptidão geral para o discurso lúcido, a capacidade de definir problemas sob os seus diferentes aspectos, identificar e seleccionar toda a informação relevante e integrar dados externos e valores internos numa opinião coerente que revele com fidelidade o ego político de cada pessoa.

A realização de um ego político integrado – isto é, um conhecimento profundo de como se age em sociedade, de como se pensa e se sente sobre os assuntos sociais, de como se expressam ideias e se procura influenciar pessoas e acontecimentos – pode, pois, ser sugerido como o objectivo principal de qualquer programa de educação política.

Obviamente, a vida política não se limita a ser um fórum de opiniões. Embora as opiniões possam ser etiquetadas como perigosas ou subversivas pelos regimes autoritários, uma opinião expressa não será mais nem menos do que palavras; se se pretende que tenha um impacto social, terá que ser seguida por qualquer tipo de acção, desde levantar o braço para apoiar uma moção até mobilizar uma multidão para apoiar uma causa.

A acção política é, portanto, o passo seguinte no desenvolvimento de uma pessoa como cidadão. Já não se limita a formular uma opinião sobre um problema social e sobre as soluções políticas apresentadas para o resolver; passa a fazer qualquer coisa sobre isso. Mesmo para sociedades em que existe liberdade de expressão, este domínio da acção política implica controlos bastante restritivos. Em regra, as opiniões não prejudicam as outras pessoas nem afectam a sua liberdade tal como as acções o poderão fazer. “A minha liberdade termina onde começa a liberdade do outro”.
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Luís Santos escreveu-nos
A Escola da Ponte é, a vários títulos, uma escola emblemática, e muito conhecida de quem tem "Inquietações Pedagógicas".
Aqui fica uma notícia recebida de lá, e que será sem dúvida útil divulgar.
Cumprimentos,
Luís Santos


Amigos

Após muitos anos de espera e alguns meses de "negociações", a Escola da Ponte irá, finalmente, na próxima segunda-feira, dia 14, assinar o seu CONTRATO DE AUTONOMIA com o Ministério da Educação.
Será um marco histórico na vida de uma Escola pioneira que, durante quase 30 anos, permaneceu e foi mantida à margem de um sistema de ensino que só admitia um único modelo de organização escolar.
Se é certo que a aproximação das eleições facilitou o encerramento de um dossier que, nas últimas semanas, parecia arrastar-se sem fim à vista, também não é menos certo que o mínimo que se poderia esperar do governo ainda em funções era que fosse capaz de concluir em tempo útil um processo que iniciara, não transferindo para o próximo executivo essa responsabilidade.
É com muita satisfação que constatamos que o dossier da autonomia da Escola da Ponte é actualmente partilhado por todos os partidos com assento parlamentar, não constituindo mais um factor de divisão ou um pretexto de combate político entre a esquerda e a direita.De resto, parece estar hoje adquirido na sociedade portuguesa que o aprofundamento da autonomia (com a consequente responsabilização) das escolas básicas e secundárias é um imperativo estratégico de política educativa, que nenhum programa coerente de modernização do nosso sistema de ensino poderá iludir.
Esperamos que este primeiro contrato de autonomia a celebrar em Portugal entre o Ministério da Educação e uma escola pública não superior constitua um exemplo e um estímulo para as demais escolas, muito especialmente, para todas aquelas que, genuinamente, aspirem a organizar-se e a trabalhar em autonomia, para melhor poderem corresponder às necessidades educativas dos alunos. Este é, afinal, o sentido e o verdadeiro fundamento da autonomia.
A sessão pública de assinatura do Contrato decorrerá no Cine-Aves (próximo da Escola), pelas 15:30 horas.
Gostaríamos muito de contar com a vossa presença e, assim, poder partilhar a nossa alegria convosco!
Ademar SantosEscola da Ponte (Comissão Instaladora)

11.2.05
 
Os mais pequenos e a sua educação*
Encontrei ontem a Marta e o João. Ainda bem que a encontramos: não sabemos onde havemos de ir bater à porta. A nossa filha Beatriz tem três anos e no Jardim-de-infância público aqui ao pé de casa respondem-nos que só têm vagas para as crianças de cinco anos, a quem devem dar prioridade. E parece que depois das 3 ou 4 horas teríamos que pagar para a criança ficar lá em prolongamento ou regime de tempos livres Onde vamos pôr a miúda? Acabamos a conversa à volta de uns cafés na pastelaria mais próxima. E da questão familiar concreta e restrita, passou-se rapidamente para a troca de impressões sobre a educação de infância e as políticas públicas neste sector.
Depois de vários anos de total desinvestimento governamental na educação pré-escolar, quando na anterior legislatura tinha sido feito um esforço eficaz para dotar esta área de reformas estruturais e legais sem precedentes, vale a pena trazê-la de novo para o debate público. Deixo aqui uma breve análise dos Programas Eleitorais dos diferentes partidos no domínio da educação, concretamente ao modo como perspectivam a educação das crianças pequenas.

O P.C.P. propõe a expansão do sistema público de educação pré-escolar, (…) garantindo a frequência universal, gratuita e obrigatória no ano que precede o ingresso das crianças no ensino básico, bem como a criação de condições para a universalidade da frequência a partir dos 3 anos e garantindo a curto prazo uma resposta de qualidade para a faixa dos 0 aos 3 anos.

O B. E. considera o Estado responsável por uma intervenção precoce contra a exclusão social, defendendo a expansão da oferta educativa de modo a garantir que todas as crianças tenham acesso à Educação para a infância a partir dos 4 anos de idade. Seja em contexto familiar, quando as famílias explicitamente fizerem essa opção, seja em contexto de instituição educativa do Estado.

O C.D.S./ P.P. propõe a continuação do desenvolvimento e consolidação da rede de ensino pré – escolar, como patamar de preparação para a entrada no ensino básico.

O P.S.D. assinala a frequência do ensino pré-escolar na fase crucial que vai dos 3 aos 5 anos de idade muito importante como factor facilitador das aprendizagens e da prevenção do insucesso escolar e propõe a generalização da educação pré-escolar, cuja rede deve cobrir toda a população até 2010.

O P. S. elege como uma das suas ambições para esta legislatura o alargamento progressivo a todas as crianças em idade adequada a educação pré-escolar e pretende atingir a meta de ter, daqui a quatro anos, 100% das crianças com cinco anos a frequentar a educação de infância.

Estas referências, retiradas da leitura dos diversos programas, revelam por um lado um certo consenso em torno da importância da educação pré-escolar (e em alguns casos exclusivamente como preventiva do insucesso escolar) e por outro lado um desigual papel atribuído ao Estado na sua implementação e regulação. Mas, o que estas citações escondem é o modo como a educação em geral e a educação da infância em particular estão perspectivadas em alguns programas. Se para alguns Partidos o programa se resume a uma listagem de medidas avulsas com alguns laivos ideológicos, para outros as medidas que se propõem tomar estão enquadradas num pensamento educativo consistente e coerente que inspiram as opções concretas e são transversais ao sistema educativo. Destacaria aqui, no caso do P.S., um parágrafo do seu programa que me parece corajoso por centrar de novo uma intenção que nos remete pêra o essencial: Mudar a maneira de conceber e organizar o sistema e os recursos educativos, colocando-nos do ponto de vista do interesse público geral e, especificamente, dos alunos e das famílias. O que determina que questões tão importantes como o recrutamento dos docentes, os tempos de funcionamento dos jardins de infância e das escolas ou a estruturação dos serviços, sejam abordados da perspectiva dos destinatários últimos do serviço público da educação, as populações.
Esta ambição, quando operacionalizada no âmbito da educação de infância, terá no mínimo consequência na organização do horário dos profissionais e na organização da componente de apoio às famílias (os tais “tempos livres” de que me falavam a Marta e o João). Mudar de perspectiva é uma exigência difícil. Supõe recursos repensados e avaliação séria do que se passa no terreno. Supõe negociação. Supõe a consciência de que há mudanças que não acontecem por decreto.
Destacaria, do mesmo modo, no programa do B.E um ponto que considero determinante na garantia da qualidade da educação de infância: Defendemos um modelo de avaliação formativa e aferidora da qualidade educativa que permita identificar debilidades e qualidades e seja promotora de uma escola de sucesso, que valoriza as boas práticas pedagógicas, ao contrário do que hoje acontece, quando o papel central da avaliação é promover a selecção e a dualidade social.
Dissiminar com rigor programas de avaliação interna e externa será uma mola para sustentar um grau de exigência desejável na intencionalidade educativa. Uma cultura de exigência não é difícil propor aos educadores. Eles sabem que são o primeiro instrumento do seu trabalho.
Então, que chegue um Governo com um programa estimulante, que respeite as famílias e os profissionais e garanta a imprescindível qualidade da educação dos mais pequenos.


Maria da Conceição Moita inquietacoes_pedagogicas@hotmail.com
*Publicado no jornal A Capital a 5 de Fevereiro de 2005

10.2.05
 
Programas eleitorais dos principais partidos políticos
Podem-se consultar os programas dos principais partidos políticos através da página do Público on line.
http://www.publico.pt/

 
"Como aumentar a educação e a formação?"
no Diário Económico:
"Investir três mil milhões para recuperar 200 anos de atraso. Investir três mil milhões de euros (2,5% do PIB) para qualificar cinco milhões de activos em Portugal. Esta é a única forma de recuperar os 200 anos de atraso da escolaridade da população activa, em relação aos países de referência da União Europeia, até 2020.Se a ambição for mais modesta, atingir as qualificações médias actuais da U.E. será necessário investir até 1,6 mil milhões de euros para reconverter 2,5 milhões de trabalhadores.A receita urgente foi prescrita num estudo sobre o futuro da Educação em Portugal, coordenado por Roberto Carneiro, e apresentado há três anos. Até agora nenhuma destas propostas foi concretizada. A solução passará por investir mais dinheiro? “A mera aplicação de mais recursos nada resolve”, responde o antigo ministro da Educação."(Para obter mais informação, consulte a edição em papel do Diário Económico de dia 09/02/2005, páginas 34 e 35).

9.2.05
 
Charter Schools
Trata-se de uma experiência americana de contratos de autonomia com as escolas e tem tido um desenvolvimento muito interessante. Cada Estado aprova a sua própria legislação sobre as condições de criação de charter schools, são definidas as condições de financiamento e a duração do contrato de autonomia, bem como as condições de avaliação do desempenho das escolas. A iniciativa para a criação destas escolas é muito diversa, mas a base é sempre a existência de um projecto educativo próprio onde são definidos os objectivos que a escola se propõe alcançar. Em 2004 foi publicado um relatório do National Assessment of Educational Progress que comparou os resultados de aprendizagem em língua materna e matemática dos alunos destas escolas com os que frequentam as "public schools". Penso que toda a informação que consta deste site é muito interessante para as nossas inquietações.
www.uscharterschools.org
TG

8.2.05
 
Vale a pena ler "Recuperação do atraso educativo tem de acelerar
Os indicadores de escolarização têm melhorado mas os resultados dos alunos põem em evidência as deficiências da qualidade do ensino "
Isabel Leiria - Publicado no Jornal Público a 08/02/2005

http://jornal.publico.pt/2005/02/08/Nacional/P70.html#topo

 
Vale a pena ler "Ciência tornou-se bandeira política"
Hermana Cruz - Publicado no Jornal de Notícias a 08/02/2005
http://jn.sapo.pt/2005/02/08/politica/ciencia_tornouse_bandeira_politica.html

7.2.05
 
Educação, partidos políticos e igualdade entre homens e mulheres.
De cada vez que há eleições confrontamo-nos com grandes desequilíbrios nas listas eleitorais: a vida activa nos partidos é protagonizada por muitos mais homens do que mulheres. O desequilíbrio é ainda maior no que diz respeito aos dirigentes e aos principais actores das campanhas políticas. Na campanha em curso as mulheres foram praticamente varridas de cena.
Como compreender que num país onde as mulheres fizeram progressos consideráveis, na educação e na vida profissional, não se tenha realizado a democratização dos órgãos partidários em matéria de participação feminina?
Numa interessante e corajosa entrevista concedida à Revista Pública (6/2/2005), Leonor Beleza dá-nos algumas explicações que questionam o funcionamento dos partidos políticos, designadamente quanto à inadequação dos ritmos e horários da vida partidária quase impossíveis de conciliar com a vida familiar.
Qual a relação com a educação?
São questões que devem ser objecto de inquietações pedagógicas quer quanto ao papel da educação formal (a política, entendida de um modo apartidário não deve ser um tabu para a escola) ou informal, quer ainda quanto ao papel pedagógico dos partidos políticos:
A escola deve combater estereótipos ainda tão interiorizados em matéria de género e deve também desenvolver, através das suas práticas e dos seus conteúdos, a capacidade de intervenção e de exigência relativamente ao funcionamento dos partidos políticos. Áreas como a formação cívica, actualmente parte do currículo do ensino básico, deveriam ser avaliadas e aperfeiçoadas.
· Os partidos políticos são entidades que, bem ou mal, ensinam. Seria bom que se questionassem sobre como e o que ensinam, as mensagens que transmitem e também sobre a sua capacidade de atrair os cidadãos e em especial as mulheres.
Ana Maria Bettencourt inquietacoes_pedagogicas@hotmail.com

6.2.05
 
A TÃO ÁRDUA TAREFA DE COLOCAR OS PROFESSORES AO SERVIÇO DAS ESCOLAS*
O recente caos que foi a colocação de professores em 2004 revela uma incompetência que não se pode repetir, mas dar-lhe uma melhor solução não resolve as questões mais profundas do sistema de colocação de professores em Portugal que, sabe-se, não é bom para os professores e, sobretudo, não serve, nem os alunos nem as escolas.

Os destacamentos têm sido em grande parte utilizadas para iludir uma questão que deve ser encarada de frente e atacada com rigor e objectividade, sem esquecer o imprescindível diálogo e negociação com os vários intervenientes, nomeadamente sindicatos de professores e associações de pais, e os necessários regimes experimentais e progressivos indispensáveis na aplicação de uma mudança que envolve um número tão vasto de variáveis, de intervenientes e de destinatários directos.

A excessiva mobilidade de professores não serve as escolas porque é impeditiva de constituição de equipas educativas sólidas e empenhadas, porque obsta ao desenvolvimento de projectos educativos continuados e adaptados aos alunos e porque dificulta a aplicação de quaisquer políticas credíveis de prestação de contas e de avaliação de desempenho.

Também se sabe que alguma maior dificuldade que esta questão tem tido em Portugal se prende com áreas complementares que se mantêm por resolver, em especial:
- os perfis profissionais dos docentes que, por serem excessivamente compartimentados, não se adequam às necessidades actuais dos alunos e das escolas, nem à estrutura do ensino básico estabelecida pela Lei de Bases do Sistema Educativo de 1986;
- a inexistência de serviços educativos, com uma oferta multidisciplinar e integrada, situados perto das escolas, que pela sua rede e localização constituam um efectivo recurso e referência para apoio a certas actividade das escolas, nomeadamente, para a afectação de professores de substituição, de apoio ou de docência de áreas especializadas.

Assim, de forma prudente e informada, devem ser procuradas outras vias de evolução e de alteração do modelo de colocação de professores, pressupondo que, simultaneamente:
- se revêem os perfis profissionais dos educadores e professores do ensino básico;
- se estabelecem, em consequência, os quadros de escola e de agrupamento escolar;
- se define, de forma geograficamente ordenada, um nível administrativo de proximidade para apoio às escolas que, pelas distâncias entre elas e diversidade de serviços que considera, possa constituir uma localização sensata para afectação de recursos humanos complementares à acção das equipas educativas das escolas (professores de substituição, técnicos de serviço social, psicólogos, auxiliares, terapeutas de educação especial, etc.).
- se revêem os critérios de graduação dos professores, deixando de estar exclusivamente assentes na nota de formação (que equidade existe hoje nas notas dadas pelas diferentes escolas públicas e privadas de formação de professores?), na graduação académica e no tempo de serviço e devendo considerar, necessariamente, a avaliação do seu desempenho e eventuais outros critérios bem mais importantes como, por exemplo, o tempo de permanência numa mesma escola, o empenho, a capacidade revelada para enquadramentos educativos difíceis, etc..* I.P. inquietacoes_pedagogicas@hotmail.com

 
Abandono Escolar: Respostas dos Partidos Políticos*
Programas eleitorais em debate
O insucesso e abandono escolares no ensino básico constituem um dos principais problemas com que o país se confronta.
É inegável que houve assinaláveis progressos: em 2001 o valor do abandono escolar foi 6 vezes inferior ao observado em 1991. Não obstante, nesse ano, cerca de 18 mil jovens até aos 15 anos (inclusive), já não frequentavam a escola.

Várias soluções lançadas ao nível central têm sido, com maior ou menor êxito desenvolvidas escolas. Não tem contudo havido, o apoio político, nem tão pouco a avaliação necessários ao seu reconhecimento e sustentação.
Analisámos, os programas eleitorais dos vários partidos, procurando encontrar neles respostas para a solução deste problema central do nosso sistema educativo – o abandono e insucesso escolares e identificámos algumas estratégias para promover a integração educativa de todos os alunos.


PPD/PSD - Considera prioritário implementar uma “estratégia nacional de combate ao abandono”, reduzindo em 30% até 2008 a taxa de abandono escolar. O insucesso será “reduzido” com recurso ao aumento da carga horária nas disciplinas de Português e Matemática, em detrimento das áreas de Estudo Acompanhado e Formação Cívica, introduzidas pelo Governo do PS com objectivos de promover o apoio aos alunos e de educar para a cidadania.
PS - São assumidas como metas até ao fim da legislatura: a redução drástica do insucesso no ensino básico e do abandono na transição para o secundário; o apoio a todas as necessidades de ensino especial e a disponibilização de oferta de complementos educativos e apoio social para todos os Agrupamentos de Escolas.
A avaliação alunos é entendida na perspectiva de “recuperação dos alunos com dificuldades na aprendizagem e não para a sua exclusão”.
As componentes de natureza técnica, tecnológica e vocacional são valorizadas no 3º ciclo.
BE - Aposta na necessidade de reforçar a função educativa da escola e das equipas educativas. Acentua a importância de se atender às consequências para a escola do aumento significativo da imigração.
Valoriza uma escola inclusiva com valências diferenciadas, capazes de dar respostas, designadamente ao ensino especial.
PCP - Compromete-se a apresentar um plano de combate ao abandono e insucesso escolares. Privilegia a expansão do pré escolar e sua articulação com o1º ciclo.
Preconiza o reforço do ensino especial numa perspectiva de escola inclusiva e multicultural. Valoriza a avaliação contínua dos alunos e condena o sistema de exames introduzidos pelos 2 últimos Governos.

Problema desvalorizado e encarado desde sempre como responsabilidade dos alunos e da família, a solução dos problemas de insucesso e abandono escolares constituem hoje prioridade política nos programas analisados. É contudo evidente a clivagem entre caminhos defendidos pela direita e pela esquerda. O PSD assume ao longo do programa objectivos mais liberais, nomeadamente o “Cheque ensino”. Os partidos de esquerda manifestam uma vertente mais social nas propostas para combater a exclusão educativa.
O consenso em torno da urgência da resolução deste problema torna agora imperativo um verdadeiro envolvimento de todos os parceiros educativos e um diálogo sério com toda a Sociedade.
Esperamos que tal venha a acontecer.
Ana Maria Bettencourt, Armandina Soares e Nuno Santos

*publicado no jornal A Capital a 29 de Janeiro de 2005
inquietacoes_pedagogicas@hotmail.com

5.2.05
 
Vale a pena ler " De quem deve partir a educação sexual dos Jovens?
A Educação Sexual deve ser uma prioridade para uma sociedade equilibrada.
Como utilizador do Cienciapt.Net gostaríamos de saber a sua opinião sobre de Quem Deve Partir a Educação Sexual dos Jovens? Responda no fórum em: http://webmail.ips.pt/exchweb/bin/redir.asp?URL=http://cienciapt.net/forumform.asp?id=51 As melhores respostas serão publicadas na próxima 5ª feira em mais uma edição da e.Ciência a sua revista semanal de Ciência, Tecnologia e Inovação. Não deixe de visitar o novo site do EndNote - Software de gestão bibliográfica em: http://webmail.ips.pt/exchweb/bin/redir.asp?URL=http://www.cienciapt.net/endnote Contamos com a sua colaboração. Os melhores Cumprimentos A Equipa do Cienciapt.NETinformacao@cienciapt.net "

 
Caro amigo/a
Compreendo tão bem a sua inquietação! Aqui vão algumas das minhas reflexões e espero que lhe sejam úteis:- se não encontrar jardim de infância da rede pública com prolongamento de horário e refeições - já há bastantes, sobretudo nos grandes centros urbanos - prefira uma instituição particular de solidariedade social que estão sob a alçada da Segurança Social. Em termos de ensino particular e cooperativo, tenha mt cuidado. Há mtos colégios (sobretudo os mais pequenos) que não estão legalizados e escapam completamente à Inspecção Geral de Educação;- procure uma instituição perto da sua residência para evitar obrigar o seu filho a andar mt em transportes. Se não conseguir, escolha um local perto do seu trabalho e de vez em quando solicite que o deixem visitar o seu filho;- peça para visitar as instalações, não se fique pela entrada: sala de actividades, recreio, instalações sanitárias, refeitório e local onde as crianças dormem;- verifique que há uma educadora diplomada por sala;- aconselhe-se com outros pais que têm o filho na mesma instituição. Qual é o pai ou mãe que não quer o melhor para o seu filho- e, sobretudo, quando tomar uma decisão, vá ouvindo o que o seu filho tem para dizer, converse com ele sobre o que fez durante o dia, o que comeu, com quem brincou.- Boa sorte!

TV inquietacoes_pedagogicas@hotmail.com

3.2.05
 
Olá Inquietações Pedagógicas
Tenho na família crianças em idade de entrarem para o jardim de infância e estamos inquietos com a situação existente e com as decisões a tomar. Podem ajudar-nos?
No ensino público os horários são inadaptados a quem trabalha.
É difícil encontrar vagas.
Como explicar estas situações?
Gostaria por outro lado de saber quais os critérios a adoptar para a escolha de uma boa escola.

A. Furtado


 
Há mundos que também são nossos
Na semana que passou estive, na Gulbenkian, no lançamento público do livro - Um projecto de esperança- da autoria do Conselho Técnico-Ciêntifico da Casa Pia de Lisboa. Enquanto lá estava, pensei que as inquietações pedagógicas só teriam a ganhar em debruçar-se seriamente sobre aquelas realidades. O livro, bem para além de propôr medidas concretas para a refundação da Casa Pia, propõe modelos de intervenção e estratégias de acolhimento de crianças e jovens em risco e anexa diversos contributos de práticos e investigadores sobre perspectivas de trabalho com estas populações em situação de perigo e vulnerabilidade. Um desafio para a Escola e para nós.
MCM inquietacoes_pedagogicas@hotmail.com

2.2.05
 
Exames
Afinal em que ficamos?


Fomos percebendo que, à perspectiva de que o conhecimento é global e interdisciplinar – o que significa que tudo é importante na vida – se opunha uma nova concepção: na Escola, a Língua Portuguesa e a Matemática são as disciplinas mais importantes! A confirmá-lo, o facto de terem sido eleitas como as únicas merecedoras de um exame nacional.

Eis senão quando... já nos começávamos a adaptar a esta ideia, surge o Despacho Normativo 1/2005 que estabelece condições de transição de ano. Para surpresa nossa, os alunos que tiverem bom desempenho nas referidas disciplinas ficarão reprovados - sem direito a exame!- se tiveram mau desempenho, por exemplo, em Ciências Naturais, Educação Visual e Geografia!
E mais: os alunos que tiverem tido mau desempenho em Língua Portuguesa e Matemática lá terão de estar a prestar prova de exame, na expectativa de que possam passar!

Demos voltas à cabeça, tentando perceber a lógica de tudo isto e só conseguimos chegar a uma conclusão: o exame é, em primeiro lugar, um espaço de aprendizagem! Será?

Armandina Soares inquietacoes_pedagogicas@hotmail.com