Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

9.3.05
 
A propósito do 8 de Março: a situação das mulheres na Educação
Naquele dia 8 de Março de 1857, as costureiras da indústria têxtil de Nova York unem-se numa greve para reivindicarem a diminuição da jornada de trabalho de 16 para 10 horas diárias e melhores condições de vida. A greve é duramente reprimida pela polícia, provocando a morte de muitas mulheres. Esse dia manteve-se até hoje como a grande referência das lutas das mulheres pelos seus direitos, razão porque o celebramos.
A par de muitos outros, um dos direitos por que as mulheres tiveram de lutar foi, sem dúvida, pelo direito à educação. Ainda hoje, a história das mulheres na educação é simultaneamente uma história das disparidades no acesso ao conhecimento e ao saber e uma história da transição das ocupações da esfera doméstica para o espaço público do exercício profissional. No mundo persistem grandes desigualdades entre sexos em matéria de educação: dois terços dos adultos analfabetos do mundo são mulheres, a maior parte das quais vive em economias de subsistência onde o seu trabalho é a única fonte de rendimento doméstico. Num recente Relatório Mundial sobre Educação da UNESCO observa-se que nas regiões mais pobres do mundo "as mulheres e as jovens são prisioneiras de um ciclo que faz com que as mães analfabetas tenham filhas que, permanecendo também analfabetas, se casam muito jovens e ficam condenadas, por sua vez, à pobreza, ao analfabetismo, a uma elevada taxa de fecundidade e a uma mortalidade precoce". No romper deste círculo vicioso que liga a pobreza à desigualdade entre homens e mulheres, a educação das jovens e das mulheres tem um papel estratégico em matéria de desenvolvimento.
Mesmo nos países desenvolvidos, os estudos indicam que um décimo a um quinto da população é afectada pelo iletrismo, isto é, a incapacidade de ler e escrever textos simples sobre factos da vida quotidiana, compreendendo o seu sentido, e nessa população, são as mulheres que apresentam os mais baixos níveis de literacia. Também a entrada no mercado de trabalho revela marcadas desigualdades de oportunidades e de tratamento, mesmo quando as qualificações são idênticas.
Num próximo artigo a publicar na Capital do próximo Sábado, trataremos da situação das mulheres em Portugal como beneficiárias da Educação

Teresa Gaspar
Comentários inquietacoes_pedagogicas@hotmail.com

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