Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

21.3.05
 
Que soluções para o desemprego de professores portugueses
A Inglaterra está a recrutar professores portugueses. Após a exportação de cientistas a que assistimos nos últimos anos iremos nós exportar agora professores?.
Acredito que a mobilidade profissional é de incentivar e pode ter consequências muito positivas para a formação de professores e cientistas, para o desenvolvimento do país e da cidadania europeia. Desde que essa mobilidade seja temporária e os professores não se vejam impossibilitados de regressar ao país se o pretenderem, por não encontrarem condições para trabalhar cá, como já aconteceu e continua a acontecer com muitos cientistas portugueses.

É um facto que há desemprego de professores em Portugal, mas teremos mesmo professores em excesso?
Se estamos a formar professores em excesso, a que tarefas se devem então dedicar as instituições de formação de professores?
Portugal possui um dramático défice educativo que exige:
· O prolongamento da escolaridade e a generalização do ensino secundário/formação profissional ( é preciso combater o abandono e apoiar com eficácia os alunos que encontram dificuldades pelo caminho),
· O desenvolvimento do acesso a processos de educação ao longo da vida e qualificação dos portugueses. Temos níveis inaceitáveis de formação das pessoas adultas.

A dimensão destas tarefas requer mais professores e equipas multidisciplinares. Requer sobretudo a mobilização dos melhores professores, capazes de produzirem novas respostas. Os apoios educativos e a educação de adultos não podem ser consideradas como “mais do mesmo”.

Estas devem constituir prioridades para as instituições de formação de professores quer ao nível da formação inicial quer ao nível do acompanhamento das práticas educativas e da formação contínua.
A actualização seja em que sector for exige formação contínua. Desinstalar capacidade de formação parece-me um erro, como também me parece errada a deriva de algumas instituições de formação de professores para áreas que não dominam e em que não se conseguem afirmar no plano do ensino e da investigação.

Para além da integração profissional dos professores nas áreas da educação, encaradas no sentido estrito já referido, muito trabalho há a fazer noutros sectores próximos, por exemplo na animação cultural. Há ainda que pensar na reconversão dos diplomados para áreas onde existem falta de pessoas formadas e há também que desenvolver competências de empreendorismo nos cursos de formação inicial.

O que não podemos é olhar para estes licenciados como se a sua formação tivesse sido um erro. Com a ideia de que temos licenciados em excesso. Estamos longe de ter licenciados em excesso, mas temos de definir melhor
as formações necessárias, estabelecer um caderno de encargos /exigências para as instituições de formação.

É preciso que sejamos capazes de definir novos caminhos para a formação de professores. Contrariando a proliferação de cursos, reorientando as formações e exigindo qualidade.
Nenhum país conseguiu melhorar a sua educação sem cuidar da formação dos seus professores.
Ana Maria Bettencourt
Comentários inquietacoes_pedagogicas@hotmail.com

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