Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

17.5.05
 
FÓRUM PAULO FREIRE
IV ENCONTRO INTERNACIONAL

CAMINHANDO PARA UMA CIDADANIA MULTICULTURAL PLANETÁRIA

CARTA DO PORTO

Vivemos numa conjuntura histórica globalizada que, interpretada, critica e esperançosamente, nos desafia a “trabalhar a legitimidade do sonho ético-político da superação da realidade injusta” (Paulo Freire). Por isso, o IV Encontro Internacional do Fórum Paulo Freire, realizado na cidade do Porto, Portugal, de 19 a 22 de Setembro de 2004, com o tema “Caminhando para uma Cidadania Multicultural”, reafirma a complexidade e variedade das interpretações e das explicações do mundo actual, não justificando, com isso, a manutenção e aprofundamento da exclusão da maioria da humanidade.
Neste Encontro, trabalhámos para consolidar novas propostas de cidadania multicultural planetária, dando continuidade às propostas do Fórum Paulo Freire, formuladas e aprovadas nos Encontros Internacionais de São Paulo (Carta de São Paulo,1998), como princípios orientadores da acção em defesa dos oprimidos; de Bolonha (Carta de Bologna, 2000), na qual foi lançado o Movimento Universitas Paulo Freire (UNIFREIRE); de Los Angeles (Planetaries Elections, 2002), em que foram firmados os compromissos por um mundo “como sonho possível”.
O Fórum do Porto sublinha a importância de construirmos relações humanas fundadas na convivência emancipatória, amorosa, sensível, criativa e reconhece que cumprir este objectivo impõe a substituição da ordem capitalista por uma nova ordem mundial, em que as comunidades e os povos sejam sujeitos de suas próprias histórias. Valoriza as identidades e subjectividades individuais e colectivas, defendendo, especialmente, o fortalecimento da cidadania, da democracia e do carácter público da educação. Assume o diálogo intertranscultural crítico como instrumento, como prática libertadora e como fortalecimento dos processos de conhecimento.
Com base nesses pressupostos, defendemos a implementação de todos os movimentos e acções mundiais pela não-violência, que potencializam a inclusão social, a resistência às transgressões éticas e se opõem, radicalmente, a todas as formas imperialistas de dominação e de opressão, particularmente a militar, e reiteramos os seguintes compromissos:

Lutar para superar a situação de opressão das pessoas, comunidades e povos que se encontram em situações de opressão, para que se tornem sujeitos de seus direitos e valores e assumam a educação com sonho possível.
Contribuir para potencializar as iniciativas relacionadas com o projecto eco-político-pedagógico das diferentes comunidades.
Integrar redes locais, nacionais e mundiais de pessoas e de instituições para a valorização e fortalecimento de formas de Cidadania Multicultural Planetária, numa perspectiva de questionamento crítico e de combate ao neoliberalismo e a outras formas de poder hegemónico.
Contribuir para os movimentos sociais, especialmente no âmbito da justiça, da luta pela paz e da defesa dos princípios da “Carta da Terra” (1999), do “Manifesto 2000” (Unesco), da “Declaração do Milénio” (2000), dos documentos aprovados nos Encontros Internacionais do Fórum Paulo Freire, bem como de todos aqueles já consagrados nas amplas discussões nacionais e internacionais, como reivindicação ético-libertadora dos povos – e, particularmente, os do Fórum Mundial de Educação e do Fórum Social Mundial.
Reafirmar a educação, o conhecimento, a ciência e a tecnologia como direitos de todos e de todas, recusando, veementemente, a sua mercadorização, como vem sendo defendida por agências bilaterais e multilaterais, especialmente pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

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