Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

26.6.05
 
Coisas do DNA
Coisas do DNA

Gosto do DNA que leio com uma atenção quase minuciosa, sobretudo as entrevistas, às vezes com gente de quem nunca ouvi falar mas que raramente decepcionam. No último número o entrevistado era José Luis Cuerda , “uma das referências do cinema espanhol actual. Realizador e guionista...” A entrevista é interessantíssima, cheia de humor e vivacidade, vale imenso a pena lê-la. Vou deixar-vos algumas frases, não porque sejam as melhores, simplesmente porque tocam em assuntos que me interessam :
“Tudo é relativo ? “ pergunta o entrevistador, Nuno Alves Ferreira.
“Acho que sim. Eu pertenço à “ditadura do relativismo” que refere o Razinger; e ainda bem, se não acabávamos todos na fogueira”.
(...)

“A literatura trabalha com o material mais rico que existe : a palavra. A imagem é redutiva (redutora). Experimenta fazer cinema com um poema de César Vallejo. Seja porque não nos ensinam a “ler” imagens, seja porque não temos a terminologia para glosar o que vemos, uma imagem não vale mil palavras. Isso sabe-o quem realiza filmes. Do que “vemos” no guião até ao que se pode plasmar em filme há um efeito de funil. Uma palavra vale mil imagens; e mais se for a de um poeta.”

E agora uma última citação, talvez a mais forte e a mais actual. Ele conta que fez um documentário chamado “Pelo mar correm as lebres”, o estribilho de uma canção infantil espanhola “Vamos contar mentiras” . E diz :

“Está relacionada com um velho conflito que eu tenho com a vida: humilha-me que me mintam.”

Publicado por Mª Emília Brederode Santos

Comments: Enviar um comentário

<< Home