Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

16.10.05
 
OS PERIGOS E A ESCOLA
Hoje os jornais trazem imagens tremendas do sismo na Índia e no Paquistão. Há poucos dias acompanhámos os pequenos tremores de terra na ilha de S. Miguel. E mais uma vez penso na ausência, quase total, de preparação de professores e alunos para enfrentar estas calamidades. Claro que há situações que, pela sua gravidade, não há nada que lhes valha... Mas, em muitas outras, os procedimentos ajustados podem salvar muitas vidas. Por isso é imperioso haver regularmente em todas as escolas simulacros de incêndio ou sismo. Será que não há em Portugal uma Lei que obrigue a isso mesmo?
Há uns tempos vi numa escola, exactamente em S. Miguel, escrito e colado em cada mesa dos alunos, qualquer coisa como: em caso de sismo sai da sala sem correr, dirige-te ao campo de jogos e fica junto dos teus colegas e do teu professor. Sinal de prevenção e de capacidade de lidar naturalmente com a hipótese de risco.
Estou também a pensar noutras situações de perigo, completamente imprevisíveis, mas que podem efectivamente acontecer e, como tal, deveriam merecer análise e reflexão, ainda no tempo da formação inicial. Nos anos 90 aconteceu em França um caso, que considero exemplar, envolvendo uma educadora chamada Laurence Dreyfus. Em Neuilly, perto de Paris. Um homem que carregava um cinto explosivo manteve esta educadora e 21 crianças sequestradas durante 46 horas. Laurence teve um papel activo no fim feliz deste pesadelo. Manteve um ritmo normal de actividades e jogos, alimentando as crianças e fazendo com que dormissem. Convenceu as crianças de que o homem era “o caçador do lobo” da história do Capuchinho Vermelho, o que as serenou e baixou o stress do sequestrador. Com este, manteve uma relação firme e dialogante. Esta educadora, numa única entrevista que deu ao Paris Match, limitou-se a afirmar que fez aquilo que qualquer educador faria naquela situação.


Maria da Conceição Moita

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