Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

13.4.06
 
Estudar e conhecer o património
Ainda a propósito de Rembrandt

Divulgam-se e vendem-se nas lojas dos museus de Amesterdam, múltiplas edições sobre Arte, em diversos suportes.
Destaco o DVD Rembrandt & Kids (em holandês e inglês), na colecção “Famosos Artistas”. Consiste num “percurso” por obras-primas do pintor, explorando-as por meio de jogos, guiando o olhar e oferecendo informação que contextualiza no período histórico e na vida do pintor.
Está apresentado na página da Internet dedicada à colecção, que abrange as obras de outros pintores:
http://www.kunst-kids.nl/index.html

Outro exemplo:
O livro I spy with Rembrandt’s eye –Children’s guide. É dirigido a crianças a partir dos 9 anos e baseia-se em “olhar, ler e fazer”. A figura do jovem Rembrandt (desenho a partir do auto-retrato aos 22 anos) conduz a exploração de peças do Museu.
https://rijksmuseum.nl/webwinkel/index.jsp?group=Spellen%20/%20Kinderen&lang=en

Ambos estes documentos têm chancela do Rijksmuseum e é interessante notar que o DVD resulta de uma parceria com a English Photographic Library (Londres) e o Museu do Louvre (Paris) e que entre os patrocinadores do livro se encontra uma empresa de multinacional.
Se refiro estes factos, aparentemente pouco relacionados com as temáticas habituais neste blog, é porque deverá também inquietar-nos, nos nossos meios culturais e educativos, o incentivo à educação para o património e designadamente a educação para a fruição artística (chamemos-lhe assim…).
No nosso país, foi criado há décadas um serviço educativo no Museu Nacional de Arte Antiga que foi verdadeiramente pioneiro, e têm vindo a alastrar esses serviços, tanto nos Museus Nacionais, como em Museus pertencentes às Autarquias e em outros de entidades privadas.
Sabemos também que em muitos deles se desenvolvem dinâmicas de relação com as escolas, gerando projectos de grande significado educativo que envolvem professores, crianças e jovens.
Existe também um crescendo de formação e de produção de conhecimento neste campo, com Mestrados e outros programas de formação, em numerosas instituições portuguesas do ensino superior.

Porém, é forçoso reconhecer que não estão suficientemente divulgadas as experiências que se desenvolvem e que não existe uma prática generalizada de educação para o património. Quantas crianças portuguesas nunca visitaram um museu?
Um dos motivos de inquietação é a falta de produção documental, em diversos suportes, que ofereça aos educadores (famílias, professores de vários níveis de escolaridade e outros profissionais educativos) material para explorar as peças museológicas com prazer e com segurança na informação.
Por falta de meios? Também, mas não só…

Para além das sugestões que nos são oferecidas pelas duas obras holandesas aqui citadas, refiro as Medidas 4.1 ("Reforçar as Infra-estruturas de Banda Larga") e 4.2 ("Dinamizar a produção de conteúdos e aplicações de Banda Larga" do Programa Operacional da Sociedade do Conhecimento (no âmbito do FEDER) que promovem a criação de dispositivos e a produção de conteúdos para o desenvolvimento do acesso e da utilização de recursos e da comunicação em linha.

É, portanto, muito desejável, que surjam iniciativas de produção documental e de constituição de redes virtuais (quer de âmbito nacional, quer internacional), que reforcem de um modo eficaz este importante campo educativo.
Entidades e profissionais e envolvidos na educação para o património, eis uma dinâmica em que estamos, mesmo, com tudo por fazer!

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