Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

13.6.06
 
Notícia
O ECD continua a ser fonte de grande contestação por parte de sindicatos... três pontos de que se tem ouvido falar muito:
O acesso condicionado à categoria de professor titular
O facto de a avaliação dos professores determinar o ritmo da progressão na carreira
A participação dos pais na avaliação dos professores

Comments:
Caros Inquietações Pedagógicas
O Regime Legal proposto para rever o ECD existente é um total esquartejamento deste.
Centra-se na proposta de uma avaliação burocrática, restritiva, punitiva e competitiva ao serviço de uma carreira truncada que limite o acesso dos professores ao seus escalões mais altos independente do seu mérito real.
Comparando os dois documentos só se vê cortes nos direitos existentes em nome de poupança cega. são vastos os motivos de crítica para alm daqueles que vocês noticiam.
Regulamentações que aguardam desde 1989, tal como os incentivos à docência em zonas desfavorecidas ou distantes dos grandes centros não merecem qualquer medida.
É preciso lembrar que a apresentação deste Regime Legal, foi antecedido de uma campanha negra contra os professores na Praça Pública, e que só depois da reacção dos professores e dos seus sindicatos foi atenuada verbalmente.
Este Ministério da Educação, que tem tomado algumas medidas positivas, que vocês têm aplaudido e eu reconheço, tem cometido o erro crasso de desprezar publicamente os professores em nome da poupança orçamental e da tentativa do cerceamento da autonomia profissional sem a qual a escola não se desenvolve.
Não é assim que se muda a Educação. É natural que a Senhora Ministra encontre da parte dos professores um claro descontentamento. Tinha conhecimento científico para saber que esse não era a melhor forma de proceder.
Esperemos que as coisas mudem...
 
O problema não é a avaliação pelos pais (que vai contar pouco, isto se eles vierem à escola mas serve para desviar a atenção dos media e dos comentadores), não são os 97% de assiduidade (que de tão rídiculo e discriminatório vai acabar por cair) não é o aumento da carga horária do Secundário e do Ensino Especial (apesar de ir diminuir em cerca de 4000 os professores contratados), mas, a meu ver, é criação de uma "aristocracia" de professores (ainda por cima uma "aristocracia falida" pois apesar de ganharem mais vão ser pau para toda a obra) em oposição a uma maioria (os convocados mas não titulares, usando uma terminologia da propria da época futebolistica que se vai iniciar) que não servirá nem para coordenar o que quer que seja (e estamos a falar de docentes com 10, 15, 18 anos de serviço e até mais).

Mais de dois terços dos professores atingirão o topo de uma (meia) carreira aos doze anos e são tratados como uns incapazes até conseguirem dar o salto para a "titularidade"

Vão copiar o modelo das Universidade, que são o mundo mais cão que eu tive ocasião de conhecer (mais até que a política), onde se se pode lixar o parceiro lixa-se, onde se compram lugares e votos, e onde pelos vistos não se formam licenciados de jeito (até vão ter de fazer um exame aos licenciados candidatos a professor...)

Não conseguiram pôr os gestores na escola, mas vão acabar com toda uma estrutura colegial, de parceria, horizontal...

O que está na moda são estrutura hieraquizadas, piramidais, tal qual como as mais vetustas e elefantinas empresas da nossa praça...


E como é que isto (ou qualquer outra coisa que esteja a ser proposta neste momento) vai melhorar a qualidade da Educação é que eu não consigo descortinar...
 
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