Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

3.12.06
 
PENSAR A EDUCAÇÃO DE INFÃNICA NO DNE
“PENSAR A EDUCAÇÃO DE INFÂNCIA”


Foi este o mote para uma sessão organizada pela Câmara Municipal de Tavira e pelo Centro de Estudos e Projectos em Educação de Infância /Universidade do Algarve.

Qual a importância da Educação de Infância? Quando começa a educação de infância?
Uma perspectiva de aprendizagem ao longo da vida não implicará que a educação de infância comece logo ao nascer? E uma preocupação quer com a qualidade quer com a equidade leva-nos certamente a considerar uma dimensão educativa nas creches e berçários que guardam crianças dos 3 meses aos 3 anos. Em Tavira, segundo a vereadora Sara Mansinho, a taxa de cobertura do pré-escolar (crianças a partir dos 3 anos) é de 80% e portanto acima da média nacional, devendo a curto prazo ser de 100%. Está-se pois na hora de investir mais nas creches e na faixa etária dos 0 aos 3 anos (sendo a cobertura actual apenas de 20% das crianças dessas idades).

A ilustrar as mudanças da sociedade portuguesa que também ocorrem no Concelho de Tavira (onde em 2006 se contam 110 crianças romenas, brasileiras, ucranianas, búlgaras, chinesas, etc), participou também Glória Jackson, uma mãe brasileira, como representante da Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas D.Manuel I, que defendeu a necessidade de tornar a escola mais atraente e mais educativa e de combater o insucesso escolar.

Susana Nogueira, da Universidade do Algarve, apresentou os resultados de uma pesquisa junto de crianças do Jardim Infantil que tentou identificar a perspectiva das crianças relativamente ao JI através de três estratégias : entrevistas em pequenos grupos, desenhos do seu JI e reportagens fotográficas sobre o que achavam mais importante no seu JI. Quem já trabalhou com crianças desta idade sabe como é difícil conseguir resultados claros. Esta utilização de três estratégias acessíveis às crianças e a forma atenta, respeitadora, perspicaz e cuidada como os dados obtidos foram lidos e interpretados é bem de louvar. Alguns resultados :

“Porque é que vêm todos os dias para o JI”?
1º - para brincar
2º - para aprender (“ser depois crescidos e ter mais escolas”)
3º - pelo prazer (“porque gostamos da escola”.)
Nenhuma criança falou de ser por os pais trabalharem e não terem com quem as deixar. As respostas foram todas pela positiva. Aleluia !

“Que mais gostam no JI”?

1º- Expressão plástica – “porque os trabalhos são a coisa mais importante que eu já vi...”
2º - Jogo Dramático
3º - Jogos – de construções, bonecas...
4º - Descoberta do mundo dos livros (“porque adoro as letras de todos os livros !”)

“De que menos gostam?”

“Que os meninos me batam!”

"Quais são as pessoas de quem mais gostam no JI" ?
"Os Amigos !"

“Quem é que decide o que se faz no JI?”
Elas. Os adultos intervêm quando elas se portam mal.

“Quem decide o que está certo e errado ?”
“Nós é que temos que pensar o que estamos a fazer mal e bem”

“Se um menino/a viesse para teu JI pela 1ª vez como se sentia ?”

“Feliz!”

Isabel Cruz, professora, investigadora e ex-vicereitora da Universidade do Algarve comentou estes resultados recordando alguns indicadores de qualidade em Educação de Infância apesar de, como sublinhou, o conceito de qualidade ser um conceito relativo, implicando a avaliação de qualidade dos JI a participação das próprias crianças (como neste caso), dos pais e dos profissionais.

Foi uma sessão que valeu bem a pena !

Maria Emília Brederode Santos .

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