Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

29.6.07
 
Amélia Bragança e a luta por umas paredes seguras
Amélia Bragança e a luta por umas paredes seguras

A Amélia Bragança aposentou-se no final deste ano lectivo. No preciso momento em que foi confirmada a construção da nova Escola Básica Luísa Todi, após uma luta de perto de 20 anos. Luta em que se empenhou durante grande parte da sua vida profissional, como membro ou presidente do Conselho Directivo/ Executivo. Sensibilizou-me o seu telefonema a dar a boa nova do desfecho de uma luta que acompanhei em vários contextos políticos e profissionais. Finalmente vão poder deixar os pré-fabricados.
Situada numa zona especialmente sensível de Setúbal, a Luísa Todi conheceu todas as dificuldades inerentes à sua inserção social, ao défice cultural dos seus alunos, à instabilidade dos professores (valendo-lhe uma parte do corpo docente estável que se foi conservando e a sustentou ao longo dos anos). O surpreendente é que, num país europeu, tenha sido necessário para resolver o problema de uma escola com umas instalações inaceitáveis, uma luta tão persistente e que tantas energias consumiu, primeiro por uma vedação, indispensável numa zona tão difícil e depois por umas paredes que protegessem alunos e professores do calor insuportável no Verão e das cheias e do ambiente húmido que se criava no Inverno.
É uma boa notícia a da construção da escola, mas a Luísa Todi fica mais pobre sem a Amélia. Obrigada por nunca ter desistido da luta por umas paredes seguras, por ter cuidado tão bem do jardim (e do sobreiro), e sobretudo pela dedicação de uma vida aos alunos de Setúbal.

Ana Maria Bettencourt

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