Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

1.11.07
 
EDUCAÇÃO PELA ARTE RENASCE NA AMADORA
Domingos Morais*




As actividades de enriquecimento curricular (AEC) no Concelho da Amadora vão proporcionar a todos os alunos do 1º e 2º ano do 1º ciclo o acesso à Educação pela Arte (EA), numa perspectiva globalizante das expressões (dramática, musical, movimento, plástica e poética), em duas das 10 horas semanais das AEC. A entidade promotora é a Câmara Municipal que estabeleceu com a Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC) do Instituto Politécnico de Lisboa um protocolo em que “se considera a Educação pela Arte, enquanto uma nova aposta para alunos do 1º e 2º ano, integrado nas actividade de enriquecimento curricular nas escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico da Amadora, como área mais abrangente e potenciadora ao nível da faixa etária dos 6 aos 8 anos”.

Serão cerca de 2420 crianças e 121 turmas em 30 escolas. A equipa de professores é formada por licenciados da Escola Superior de Teatro, da Escola Superior de Educação, da Faculdade de Letras e de outras Escolas Artísticas.

Sendo uma iniciativa que pretende contribuir para a correcção de algumas dificuldades encontradas na generalização das AEC a todas as crianças do 1º ciclo do EB, o convite dirigido à ESTC para formar a equipa de professores de Educação pela Arte (EA) e acompanhar a sua aplicação foi entendido como uma oportunidade para avaliar o que se irá realizar, os benefícios conseguidos para as crianças, o impacto no acesso a actividades expressivas na Escola.

O Instituto Politécnico de Lisboa integra quatro Escolas de formação artística (Cinema, Dança, Música e Teatro) que formam ou têm nos seus programas de estudos propostas que visam a fruição e prática artísticas por quem não segue uma via profissionalizante. Dá-se assim resposta a uma crescente procura de licenciados nas escolas artísticas para desenvolverem projectos em contextos educativos, em associações, junto de iniciativas autárquicas, mesmo em hospitais, instituições de acolhimento de menores, junto da população sénior. Temos acompanhado alguns profissionais que o têm feito e a diversidade de opções tomadas, desde os que o fazem pontualmente como recurso de sobrevivência legítimo aos que encontram e escolhem dedicar-se a projectos em que as artes são um meio educativo, socializante ou terapêutico.

Também as Escolas Superiores de Educação têm tido a seu cargo a formação de profissionais que respondem à actual e futura organização do ensino formal. A actual dificuldade de colocação de todos os educadores e professores formados nas ESE’s permitiu que as suas potencialidades fossem solicitadas por situações informais de ensino como as já referidas e agora também pelas AEC. Para os que souberam aproveitar as poucas horas dos curricula dedicadas à expressão e educação artísticas, a integração em equipas de AEC dedicadas à Educação pela Arte está muito facilitada.

Nos dez meses que agora se iniciam, as crianças do Concelho da Amadora terão a oportunidade de se enriquecer através de práticas decorrentes das expressões artísticas. A sua adesão e o que fizerem irá revelar se a Educação pela Arte pode ajudar o seu desenvolvimento global e contribuir para um educação estética à sua medida.

* Professor na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa



Publicado no Jornal de Letras - Educação - Outubro de 2007

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