Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

5.4.08
 

Violência e incivilidade


Os casos de violência extrema na escola são raros, em Portugal como no resto do mundo. São muito graves, tão graves como noutro contexto qualquer e exigem uma intervenção imediata para lhes pôr termo, quer sejam de alunos, pais, professores ou auxiliares. Essa intervenção terá que ser conforme a lei e o direito e assume algumas características especiais no caso de os seus autores serem menores.

Um grau abaixo existem as formas de violência física, verbal e psíquica que, não deixando marcas físicas terríveis, podem ter consequências psicológicas tão graves como o horror à escola, o medo dos outros ou o desinteresse pela aprendizagem. Estas formas de violência são muito mais frequentes contra os alunos do que pelos alunos. É por causa delas que o Conselho da Europa e a ONU estão a levar a cabo o programa “Acabar com a violência contra as crianças – já!”

Finalmente, noutro grau abaixo deste “continuum” de violência, existem as “incivilidades” que são comportamentos desagradáveis, desgastantes, geralmente provocados por alunos contra colegas, auxiliares e professores, comportamentos que cansam professores e alunos, não permitem o trabalho escolar nem uma convivência civilizada. É a indisciplina que grassa nalgumas escolas, torna insuportável a vida de todos e requer medidas que lhe ponham termo – medidas de organização, de orientação, de formação – mas medidas pedagógicas e disciplinares e não medidas de intervenção criminal. Parece-me ser aqui que cabe “o famigerado caso do tm” ou não ?

Maria Emília Brederode Santos

Comments:
E a recolha de armas?Tem toda a lógica que a polícia recolha primeiro as armas de pequeno calibre às crianças , e só depois avance para os matulões com espingardas de canos serrados...
 
A iniciativa de mandar intervir a polícia dentro da escola, e até dentro das salas de aula, constitui em si mesma a desvirtuação da função hierárquica do professor e a desresponsabilização da Escola no seu conjunto. Nesse cenário estariam perdidos todos os laços que permitem a autoridade do professor e mais impportante ainda a relação de afecto que tem necessariamente que existir entre educador e educando.
 
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