Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

31.10.08
 

Diário da Finlândia - dia VI

Após uma descida ao rés-do-chão, provocada por um falso alarme no hotel, o nosso último diário da Finlândia.
Ao longo destes dias olhámos para esta realidade que tantas interrogações nos coloca.
É o momento de arrumarmos ideias e fazermos um primeiro balanço.

Uma cultura de valorização da Educação

Ao longo das muitas conversas que mantivemos com vários interlocutores tornou-se evidente que a Educação é uma prioridade nacional. Dizia-nos, ainda hoje, uma professora, que, para a generalidade dos pais é impensável que os seus filhos não tenham bons resultados escolares.
Esta prioridade atravessa os diferentes serviços, a começar no Ministério da Educação, Municípios, Escolas, Saúde, Serviços Sociais.
Todos eles se constituem numa malha apertada e convergente que torna praticamente impossível que os alunos não aprendam.
Reflexo deste trabalho é um grande orgulho nacional no progresso da educação e nos resultados dos alunos.

Condições de partida favoráveis à Aprendizagem

É visível a aposta na Escola primária de 6 anos, a funcionar em regime normal (um único turno) e com um número de alunos entre os 220 e pouco mais de 300.
Os espaços são amplos, diversificados e sempre preparados para o trabalho que os alunos devem realizar.
O número de adultos (professores e assistentes) permanentemente presentes em sala de aula assegura condições de aprendizagem para todos os alunos.

A autonomia ao serviço das Aprendizagens

Esta autonomia exerce-se, principalmente, em 3 domínios: Contratação de professores; Organização da escola; Gestão do orçamento


Os professores são contratados pela escola. Talvez neste facto, associado a uma formação inicial que os professores reputam “de qualidade”, resida a grande confiança manifestada pelos nossos interlocutores na sua preparação para de forma competente e empenhada realizarem o seu trabalho.

As escolas são organizadas em função das necessidades dos alunos. As opções são variadas:
maior número de alunos por sala tendo o professor a apoiá-lo um professor de educação especial e um ou mais assistentes;
um menor número de alunos por sala de aula; a constituição de 3 grupos de trabalho a partir de 2 turmas, nalgumas áreas disciplinares;
a opção por grupos de menor dimensão;
a integração de crianças com NEE permanentemente apoiadas na sala de aula ou trabalhando separadamente nalgumas áreas (Finlandês, Língua Estrangeira, Matemática…) e no grande grupo turma noutras disciplinas.
Organização de Planos de Recuperação para alunos que encontram dificuldades.

Não existe um fato pronto a usar. Parece sempre feito à medida…

Há a garantia do apoio aos alunos que encontram dificuldades.
A intervenção dos pais é extremamente relevante. Contactos presenciais, através do telefone ou e-mail servem para os informar acerca de dificuldades identificadas e concertação de esforços em busca de soluções.

A transparência do orçamento pareceu-nos ser o instrumento por excelência de autonomia.
Existem regras claras para o financiamento atribuído pelas autarquias às escolas em que existe o “bolo “ para pagamento dos professores e o orçamento para o seu funcionamento: material didáctico, manuais, material de desgaste, actividades culturais…
Este orçamento varia em função do nº de alunos, do nº de alunos imigrantes e com NEE

A autonomia obriga à implementação de sistemas de auto-avaliação das escolas.

Aqui não se pode fugir a aprender!
A aprendizagem é inevitável!
Ana Maria Bettencourt; Maria Armandina Soares; Maria Emília Brederode Santos

Comments:
Lamentavelmente em Portugal a prioridade nacional é o Magalhães!
 
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