Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

30.10.08
 

Diário da Finlândia - dia V



Na Finlândia nem tudo são rosas.

Hoje a nossa interlocutora principal aqui na Finlãndia transmitiu-nos algumas preocupações que se sentem na sociedade em geral e nas escolas finlandesas em particular depois do mais recente tiroteio numa escola.
Já anteriormente tínhamos constatado que de um modo geral os professores debateram com os alunos esta questão. Hoje conhecemos um director de uma escola primária - do 1º ao 6º ano de escolaridade – que no seu blog pessoal deu sugestões aos pais sobre o modo de falarem com os filhos sobre este assunto.
Visitámos, ainda, uma outra escola que viveu momentos difíceis, na sequência de uma ameaça. Estas situações foram sucedendo por todo o país.
Parece haver uma interrogação muito generalizada sobre razões possíveis para este fenómeno. Para além da resposta mais avançada na altura, a da abundância de armas neste país (porém a nossa interlocutora, antiga professora, directora de uma escola e política, afirmou-nos não conhecer ninguém que possua uma arma, admitindo também que talvez quem as tem não fale do assunto….) foram-nos referidas outras, tais como o facto de na sociedade existirem muitas situações que humilham as pessoas (como por exemplo os concursos televisivos em que as pessoas vão sendo sucessivamente expulsas), ou o entusiasmo desenvolvido em torno dos ídolos da televisão, ou ainda o individualismo exacerbado em detrimento de uma cultura de solidariedade.
O clima difícil, a falta de luz e de sol poderão, também, ter influência neste tipo de comportamento.
Esta preocupação contrasta, no entanto, com o ambiente distendido que temos encontrado nas escolas.

Uma escola primária na floresta

Em Espoo, fomos recebidos pelo director e por dois alunos, um rapaz e uma rapariga de 12 anos, que pertencem ao Parlamento da Escola, e que nos acompanharam ao longo de grande parte da nossa visita.
Neste órgão da escola, onde têm assento, por eleição dos seus pares, 2 alunos por turma (sempre um rapaz e uma rapariga), são tomadas decisões sobre algumas matérias que interessam os alunos, designadamente como utilizar um pequeno orçamento, a escolha da ementa uma vez por mês, ou o modo como gostariam de aprender.
Uma das questões levantadas pelos representantes dos alunos neste Parlamento foi o seu desagrado em relação aos «gritos» de alguns professores.

O perfil desta escola

Em comum com as outras escolas anteriormente visitadas, tem um número reduzido de alunos (em Espoo são 320, distribuídos por 15 turmas), a capacidade de promoção do sucesso para todos, utilizando estratégias e recursos diferenciados, a busca de soluções adequadas a cada um dos alunos.


Em Espoo, são várias as estratégias de integração na perspectiva de “não deixar nenhuma criança para trás”: existe uma classe de integração de crianças com problemas psicológicos, outra destinada à integração das crianças com NEE.
Mas, esta escola, a par destas soluções presentes nas outras visitadas, procura respostas mais inovadoras.
A “sala mais popular” que visitámos – e onde tivemos oportunidade de assistir a um pequeno concerto rock improvisado, dado por uma classe de alunos com problemas psicológicos – é espaço de prática das 20 bandas existentes, e também das aulas de educação musical.
Os projectos de teatro, onde todos os alunos são incentivados a participar, constituem um acontecimento anual na comunidade.
A preocupação com as novas tecnologias, incentivando todos os alunos a terem um e-mail e a colocarem as suas produções na internet são outra forma de inclusão.

Mas aqui desenvolve-se, também, um projecto de escola a tempo inteiro que procura cumprir dois objectivos:
A guarda das crianças, durante o tempo de ausência das famílias, também na Finlândia com horários de trabalho que dificultam o indispensável acompanhamento das crianças.
A valorização dos interesses e capacidades individuais, promovendo a ideia de que cada criança deve ter o seu »hobby».

Assim, existem nesta escola, fora do tempo lectivo, 20 clubes em que as crianças são incentivadas a inscrever-se
.
As provas de aferição cumprem umobjectivo essencial: permitem ao Município identificar as escolas com piores resultados e que necessitam de mais apoio.

O bem-estar dos professores, a sua motivação, é, também, um aspecto fundamental para o sucesso dos alunos, na opinião do director desta escola que nos disse:
Um dos aspectos mais importantes numa escola do século XXI é um professor não ter vergonha de não saber o que fazer com cada criança.
Ana Maria Bettencourt; Maria Armandina Soares, Maria Emília Brederode Santos












Comments:
Os professores estão a ser prejudicados com a colagem do Bloco de Esquerda aos movimentos... diz não à partidarização do nosso movimento!!

Bloco de Esquerda recomenda ao Governo a suspensão do processo de Avaliação de Desempenho e a adopção faseada de um novo modelo de Avaliação de Escolas e Docentes, formativo, integrado e participado."


A isto chama-se oportunismo politico.
Se ao menos não defendessem quase tudo ao contrário do que se tenta na escola fazer educar.
Falam como se não tivéssemos já ouvido vindo desta coligação partidária, severas criticas a professores e à educação.
Coligação partidária onde se veio esconder e mudar a face o PSR.
Coligação que tem uma noção de democracia, que reza a história dos seus congressos, é guardade para uso externo.
Defensor da liberalização do consumo de droga, defensor da liberalização do aborto, do divórcio na hora, do casamento de gays, de tantos contra valores.

Para os professores ter amigos como estes, ficam sem precisar de inimigos.

O problema não é vote à esquerda ou à direita. O Problema é que não vote em oportunistas que sobem a terreiro sempre que lhes cheira votos. Populismo.
 
Para que um professor não sinta 'vergonha por não saber o que fazer com cada criança' precisa confiar nos colegas, nos pais, mas acima destes, no Ministério,em quem dita as leis! Tudo se resume à confiana que temos uns nos outros...
e estamos num tempo de olhar por cima do ombro, pelo que sobra pouco tempo para pormos em prática a teoria e escolas onde tudo se faz... só à custa da boa vontade de cada um.
 
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