Inquietações Pedagógicas

"Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso…"  Jorge de Sena in Metamorfoses

29.10.08
 
A propósito do parecer do CNE sobre a educação dos 0 aos 12...
Diário Económico de 29 de Outubro de 2008

"Fim dos chumbos até ao 9º ano nas mãos do Governo" - Madalena Queirós

ver em:

http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/politica/pt/desarrollo/1179293.html

"Comissão de Educação pede o fim das reprovações no ensino obrigatório.

Sabia que na Finlândia, o país em que os alunos têm o melhor desempenho do mundo, ninguém reprova durante a escolaridade obrigatória? Já na Irlanda e na maioria dos países com bons resultados nos estudos internacionais “as repetições foram substituídas por estratégias de apoio aos alunos”. Seguindo esta tendência de política educativa que, também é recomendada pela OCDE, o Conselho Nacional de Educação (CNE) propõe ao Governo o fim das reprovações até as crianças terem 12 anos. O projecto de parecer sobre a “A Educação das Crianças dos 0 aos 12 anos”, a que o Diário Económico teve acesso, sugere “a substituição das repetências por medidas eficazes de apoio”. Entre as propostas avançadas estão “estratégias de apoio aos alunos, intervenções aos primeiros sinais de dificuldade e estratégias de diferenciação pedagógica” .No texto aprovado no plenário deste órgão consultivo do Governo, refere-se que “o problema das repetições assume proporções catastróficas para os alunos e para o sistema”. Por ser usada como a “estratégia pedagógica de excelência para a regulação dos problemas de aprendizagem, há alunos que acumulam insucessos em anos educativos, ficando desenquadrados nas turmas em que são colocados e, em muitos casos, não encontrando alternativas, a não ser o abandono”. No parecer, elaborado por Ana Maria Bettencourt, refere-se que “Portugal é um dos poucos países da Europa que não consegue apoiar de modo eficaz os seus alunos, penalizando-os pela ineficácia do sistema”. O que é ainda mais grave quando os estudos da OCDE concluem que, no sistema português, “as dificuldades de aprendizagem mais graves atingem os alunos com níveis sócio-económicos mais desfavorecidos que não encontram nem na escola nem na família apoio para lhe fazer face”. Um estudante de uma família de baixos rendimentos “tem três vezes mais probabilidades de ter um resultado medíocre em Matemática do que um aluno com um estatuto sócio-económico elevado”. Um problema agravado pelo “défice de uma geração de pais com formação suficiente para apoiar os filhos”. Estudos realizados em França, revelam que a o “chumbo” agrava ainda mais os problemas de aprendizagem. Para acabar com a ideia sem fundamento que “repetir nunca fez mal”, o Conselho Nacional de Educação defende que “a transição de ano sem que os alunos adquiram as competências necessárias e sem que se encontrem os meios de superação das dificuldades não é de modo algum a solução, mas a repetição, atirando a responsabilidade da não aprendizagem para o aluno e sua família, também não o é”. Por isso, recomenda-se que o Ministério da Educação estude as soluções adoptadas noutros países que “encontraram alternativas às repetições, obtendo bons desempenhos por parte dos alunos e resolvendo os problemas do insucesso”. Resta sabaer se o Governo irá ou não seguir as recomendações do seu orgão consultivo.França defende o fim das reprovações“Será que a reprovação precoce resolve as dificuldades encontradas ao longo da escolaridade obrigatória?”. Não! O ministério da Educação francês diz que “contrariamente a uma ideia que é largamente difundida entre pais e professores, a reprovação não é uma segunda hipótese para os alunos com dificuldades”. Mas segundo um parecer do ‘Haut conseil de l’Evaluation de l’ecole’ o chumbo “é ineficaz do ponto vista do progresso dos alunos”. Apenas “faz perder um ano aos alunos que reprovam e que são estigmatizados por este atraso ao longo de todo o seu percurso”. Não passar de ano “afecta ainda negativamente a motivação e o comportamentos dos alunos”. Para além disso como a origem social é um dos factores determinantes no sucesso “os alunos de origem modesta são penalizados duplamente”. OCDE tem 10 passos para fim do falhanço dos alunosA OCDE definiu dez passos para acabar com o insucesso nas escolas. Criar “uma escola inclusiva” é a palavra de ordem. “Apesar das reprovações serem muito populares entre os professores, não há qualquer evidência de que as crianças beneficiem“, defende a OCDE. Para além de serem caras. “Cada reprovação custa, em média, 20 mil dólares”. Por isso, a OCDE defende que que “as elevadas taxas de repetência de alguns países devem ser reduzidas, criando incentivos às escolas para encontrarem abordagens alternativas”. Fazer a prevenção do abandono escolar precoce é a melhor cura”. Por isso, na “escolaridade básica deve-se apoiar e envolver todos”.Outras propostas do CNEEducar dos 0 aos 3É necessário aumentar a oferta educativa dos 0 aos 3 anos e “promover a intencionalidade educativa nos contextos de guarda”. “Profissionalização das amas”, um a melhor articulação entre serviços sociais e serviços educativos.O 2º ciclo faz sentido?Acabar com a descontinuidade ao longo do básico é uma das propostas. “Será que faz sentido o 2º ciclo?”, questiona-se e alerta-se para “o problema da transição brusca entre os 1º e 2º ciclos”, em que o aluno passa de um professor para muitos docentes."

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